Meio Ambiente

Botânico alerta para o risco de extinção de plantas nativas nas grandes cidades

O Anfiteatro Natural do Parque Areião foi palco de um meeting preparado pela Loft Construtora…

O Anfiteatro Natural do Parque Areião foi palco de um meeting preparado pela Loft Construtora e JFG Incorporações para corretores parceiros. Em meio aos bambuzais gigantes que embelezam o local, centenas de corretores conheceram todos os detalhes do projeto do Sinfonia Ecodesign, novo empreendimento residencial que será lançado ainda no mês de setembro na Rua 1138, no Setor Marista. A presença especial ficou por conta do ambientalista e botânico paulista Ricardo Cardim, responsável pelo paisagismo sustentável do Sinfonia.

Profundo conhecedor do Cerrado, o botânico falou com os profissionais do mercado imobiliário sobre a importância da restauração da biodiversidade original nos grandes centros urbanos. “Pouca gente sabe, mas hoje 90% das plantas usadas nas cidades brasileiras são na verdade estrangeiras (as chamadas plantas exóticas), que foram retiradas de outros países e introduzidas no país por meio da arborização urbana ou do paisagismo”, disse o ambientalista.

Um exemplo bastante utilizado em Goiânia é a palmeira imperial, que é originária da América Central e está presente em vários bairros da capital, tanto em áreas públicas quanto privadas. Para combater esse processo, Cardim defende a conscientização das novas gerações sobre a importância da natureza nativa e também o envolvimento da iniciativa privada. “Por isso, no projeto do Sinfonia, nosso objetivo foi aliar o melhor dos dois mundos: o conforto e a segurança dos tempos modernos com as maravilhas da natureza nativa, comum na época dos nossos avós”, destacou.

Segundo a Organização das Nações Unidas, a invasão biológica pode ser considerada atualmente a segunda maior causa de perda de biodiversidade no mundo. “A invasão de plantas estrangeiras em nossas cidades é um absurdo, especialmente se pensarmos que o Brasil é o país de maior biodiversidade do planeta. Estamos levando um 7 a 1 também na esfera ambiental”, afirmou Cardim. Ele explicou que grande parte das plantas invasoras promove um forte desequilíbrio ambiental, uma vez que elas não possuem inimigos naturais e se adaptam facilmente ao clima brasileiro.

Paisagismo sustentável

O Sinfonia Ecodesign terá uma Praça do Pomar, com árvores como o jatobá, aroeira-do-sertão, guariroba, pequizeiro, cagaiteira, araticunzeiro e o muricizeiro. Ricardo frisou que o paisagismo do empreendimento não será apenas bonito, mas também funcional. “Ele vai ajudar a diminuir a temperatura da cidade e a aumentar a umidade do ar na época da seca, além de bloquear a poluição sonora e segurar a poeira que fica em suspensão no ar”, explicou o botânico.

Para conceber o projeto, o ambientalista investigou todos os aspectos da vegetação original de Goiânia. “Percebi que Goiânia tinha, além do cerrado, a Mata Atlântica Semidecídua, que é um tipo de vegetação que perde parte das folhas da época da seca. Essa mata ainda existe na região próxima ao reservatório do João Leite. Por isso, quis levar ao empreendimento não só árvores do cerrado, mas também espécies desse tipo de mata atlântica”, argumentou.

Essas plantas também devem atrair novamente os pássaros nativos para a cidade. “Para restaurar a biodiversidade da região, é importante ter plantas que atraiam pássaros como papagaios, araras, tucanos, entre outros. Eles ainda passam por Goiânia – eu mesmo já vi araras durante minhas viagens à capital – só que geralmente não param, justamente porque a cidade não tem mais as plantas que eles comem”, disse. Com isso, além da restauração da flora, acontece também o resgate da fauna nativa da região.