JULGAMENTO

Pai se emociona no julgamento de policiais acusados de matar Robertinho

Roberto Lourenço cobra Justiça pelo filho morto em 2017

Policial condenado por morte do adolescente Robertinho, em Goiânia, foge de presídio militar
Policial condenado por morte do adolescente Robertinho, em Goiânia, foge de presídio militar (Foto: Arquivo Pessoal)

Roberto Lourenço da Silva, pai de Robertinho, adolescente morto em 2017 por policiais militares, disse ser doloroso reviver o caso que levou a vida do filho dele, no tribunal. “Desde o acontecido dói. Parece que foi ontem”, diz após depoimento, no primeiro dia do júri, nesta segunda (26). Ele ainda lembra: “Meu filho tentou me defender. ‘Meu pai é trabalhador’, ele dizia. Espero que seja feita Justiça.”

O julgamento foi adiado cinco vezes. Nesta segunda, teve início o julgamento dos policiais militares (PMs) Cláudio Henrique da Silva, Paulo Antônio de Souza Júnior e Rogério Rangel Araújo Silva, que invadiram a residência da vítima e balearam ele e o pai dele.

O júri começou às 10h10. A primeira testemunha a ser ouvida foi justamente Roberto Lourenço da Silva, pai da vítima.

O caso

Em 2017, o Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou os soldados pelos crimes de tentativa de homicídio, homicídio triplamente qualificado, abuso de autoridade e fraude processual. O incidente ocorreu quando os policiais, sem estarem caracterizados, cortaram a energia da casa onde Robertinho morava com sua família e invadiram o local.

O pai de Robertinho, ao confundi-los com ladrões, teria realizado disparos, levando à reação dos policiais, que atiraram contra o adolescente, resultando em sua morte instantânea. O pai também foi baleado e precisou ser hospitalizado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

Outro ponto

Segundo o MP, os PMs, depois de perceberem a situação, teriam resolvido alterar os fatos para não serem responsabilizados pelo crime. Conforme a denúncia, os policiais passaram a mascarar o local do crime para simular uma troca de tiros com a vítima Roberto Lourenço, pai de Robertinho, para alegar legítima defesa.

Um dos agentes, inclusive, teria utilizado a arma da vítima que estava no chão para disparar contra o portão, de dentro para fora. Além disso, os três denunciados começaram a recolher os estojos das munições referentes aos disparos efetuados dentro do imóvel.