Reconhecimento

Cidade de Goiás comemora 19 anos de Patrimônio Histórico e Cultural Mundial

Nesta sexta-feira (18), a Cidade de Goiás comemora 19º aniversário o título de Patrimônio Histórico…

Cidade de Goiás comemora 19 anos de Patrimônio Histórico e Cultural Mundial
Cidade de Goiás comemora 19 anos de Patrimônio Mundial da Humanidade (Foto: Patrick Grosner/Folhapress)

Nesta sexta-feira (18), a Cidade de Goiás comemora 19º aniversário o título de Patrimônio Histórico e Cultural Mundial da Organizações das Nações Unidas (Unesco). O título faz jus à história e todo conjunto arquitetônico que a cidade traz desde o século XVIII.

Lar de Cora Coralina, a cidade descrita pela poetisa como de “ruas estreitas, custas, indecisas, entrando, saindo umas das outras”, tem arquitetura barroco-colonial original. De acordo com informações do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), 90% do conjunto arquitetônico está preservado.

A secretária de Turismo do município, Flávia de Brito Rabelo,  classifica os 19 anos do título como um “amadurecimento da cidade” e também “das políticas públicas de preservação”. “[O sentimento de patrimônio] começou a ser ensinado nas escolas. Isso contribuiu para o fortalecimento da história e da memória da cidade, além de sua importância para Goiás e para todo o Brasil”.

Cidade de Goiás comemora 19 anos de Patrimônio Mundial da Humanidade

Conjunto arquitetônico barroco-colonial está presente é um marco da história da cidade (Foto: reprodução/Iphan)

Isso porque a tradição cultural de Goiás não se resume apenas à arquitetura. A cidade também tem festividades históricas, como a Procissão do Fogaréu, que já acontece há mais de dois séculos e meio. E é palco de um dos festivais de cinema ambiental mais importantes do mundo, o Fica.

Não à toa, este lugar foi o primeiro núcleo urbano formado em território goiano e capital do estado. Até 1935, Goiás se manteve como o principal centro político goiano. E só deixou de sê-lo porque os morros ao redor do município – cheios de belezas naturais, por sinal – trabalharam a capital a se expandir. Daí, a necessidade de construir Goiânia.

Transformação com o tempo

Vila Boa – opa, Goiás – se reinventou com o tempo, mas sempre com o pé sempre firme na história que se mistura com a história do Brasil, do Estado e de Goiânia. Um dos percalços que a cidade passou foi a cheia do Rio Vermelho causadas pela chuva em 2001. A cidade acabara de receber o título da Unesco e as ruas foram tomadas pela correnteza do rio que não suportar o volume de água que caiu na época.

Como resultado, Goiás ficou em estado de calamidade pública. Vários casarões originais não suportaram e desabaram. A cidade conseguiu se reerguer.

Dez anos depois, outra cheia a atingiu. Embora o desastre tenha sido menor, ainda assim casarões antigos foram atingidos. Um documentário produzido pela TV Cultura, em 2010, mostrou que no ano seguinte poderia ter a enchente com menor potencial. E isso se concretizou.

O principal desafio dos próximos governantes é evitar que novas enchentes aconteçam e atinjam a história material da cidade. Este mesmo vídeo mostra que a cidade pode ser atingia por outra inundação significativa em 2051. E outra com a mesma proporção da de 2001 no ano de 2086.

Orgulho

Para Flávia, a cidade se orgulha do título recebido. Para ela, isso fez com que o município se projetasse internacionalmente. “A Cidade de Goiás conta com muitas referências culturais imateriais como moradores, grupos de serenata, o nosso artesanato que é produzido por mulheres que compõem o projeto Mulheres de Cora e diversos outros artistas”, pontua.

Ela lembra, ainda, que as serras naturais, além de fazerem a “proteção da cidade”, também são importantes para o turismo da região. “Temos a Serra Dourada, o Parque Municipal da Estrada Rural, 26 assentamentos de reforma agrária que incentiva a agricultura familiar. Tudo isso vem para agregar na nossa identidade. Nossas frutas e doces também contribui com a nossa cultura”, ressalta.

Falando nisso, a secretária afirmou que o município está se preparando a retomada das atividades turísticas. “Vamos seguir todos os protocolos de segurança da cidade juntamente com a vigilância. Faremos isso para mostrar aos visitantes que podem vir a Goiás que será uma viagem segura e conhecer tudo o de bom que temos a oferecer”, sublinha.

Segundo ela, um aplicativo será lançado para que os turistas tenham, na tela do celular, a lista dos monumentos históricos da cidade para visitarem. A novidade também dará a oportunidade de conhecer o espaço em 360º. “O aplicativo que chama App Promocional Cidade de Goiás Virtual e terá informações sobre serviços como preços de pousadas, restaurantes, além de contatos desses empresários”, assevera.

Homenagem

Para a comemoração do prêmio, a cidade vai ganhar uma estátua novinha da sua filha mais ilustre: Cora Coralina. A escultura será instalada na ponte da Lapa. Feita em bronze, o monumento tem o tamanho real da poetisa – 1,6 metro, e demorou 60 dias para ser feita. “Ela foi feita de cerâmica e argila. Depois foi passada uma cera e coberta pelo bronze. Ela já está na cidade e será um orgulho para todos os vilaboenses”, afirma o artista que assina a obra, Cleider José.

estátua obra cidade de goiás "Esculpir Cora Coralina é uma honra", diz artista responsável por nova obra

(Foto: Cleider José)

A estátua vai substituir a antiga, de barro, que ficava no mesmo local e não aguentou a ação do tempo. A obra foi restaurada para ser instalada no Centro de Atendimento ao Turista (CAT) da cidade.

Veja a lista de monumentos tombados pelo Iphan e as suas respectivas histórias

Chafariz da Carioca – O chafariz do Largo da Carioca foi a primeira fonte pública de abastecimento de água construída em Vila Boa, ainda no início de sua implantação como centro minerador. Construída em alvenaria de pedra, a fonte se encontra em um amplo espaço aberto entre o rio Vermelho e a antiga entrada da cidade para os que vinham de São Paulo pelo caminho real.

Largo do Chafariz – Em 1778, o Chafariz de Cauda da Boa Morte foi construído para dividir o abastecimento de água da cidade com o Chafariz da Carioca. Boa Morte se refere à capela de mesmo nome, pertencente à Confraria dos Homens Pretos. O Largo da Matriz, também conhecido como Largo do Palácio, é onde os primeiros exploradores erigiram a pequena capela dedicada à Sant’Anna.

Palácio Conde dos Arcos (Palácio dos Governadores) – Edifício de arquitetura civil de grande porte, localizado no Largo da Matriz. Há vestígios da passagem de Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, pelo palácio pois existe no jardim o brasão do Conde dos Arcos, daí o nome do edifício. Atualmente, abriga coleções de móveis, quadros e demais objetos.

Cidade de Goiás comemora 19 anos de Patrimônio Mundial da Humanidade

Palácio Conde dos Arcos (Foto: Divulgação/Iphan)

Quartel do Batalhão de Infantaria, 20 (Quartel da Companhia/Quartel do Vinte) – Edifício de arquitetura militar construído na Praça do Chafariz, entre 1751 e 1763. É uma grande construção que se aproxima de um quadrado com amplo pátio interno, com paredes de taipa e telhas de barro canal. A entrada se destaca do corpo do edifício pois possui, além do térreo, pavimento superior em forma de uma pequena torre.

Casa de Câmara e Cadeia (Museu das Bandeiras). O prédio é um dos melhores exemplos da arquitetura oficial civil portuguesa no Brasil, o mais significativo do Centro-Oeste, e funcionou como cadeia até 1950. A construção do prédio data de 1766, realizada segundo o projeto da Coroa Portuguesa, preservado pelo Arquivo Colonial da Marinha e Ultramar, em Portugal. A parte superior do edifício é formada por salões que atendiam às necessidades administrativas e judiciárias da Vila Boa de Goiás. O núcleo inicial do seu acervo é formado pelo próprio edifício e o arquivo documental da Fazenda Pública da Província de Goiás, que é uma das fontes de informação mais importantes sobre a administração pública da Região Centro-Oeste – durante os períodos Colonial, Império e República -, enriquecido por aquisições e doações de móveis, utensílios e equipamentos, pratarias e outros objetos dos séculos XVIII, XIX e início do XX.

Capela de São João Batista (Capela do Ferreiro/Igreja de São João Batista) – Edifício de arquitetura religiosa, a singela capela localiza-se na área rural. É uma construção em taipa de pilão e telhado em telha de barro canal, da segunda metade do século XVIII. Tem campanário isolado em estrutura de madeira localizado ao lado do edifício.

Igreja de Nossa Senhora da Abadia – Edifício de arquitetura religiosa, situado em terreno de esquina no centro histórico da cidade. É uma construção de 1790, em taipa de pilão e telhado em telha de barro canal, com torre sineira acoplada ao edifício. Possui em seu interior, forros policromados, imagens, alfaias e móveis antigos, entre outros bens.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo – Edifício de arquitetura religiosa situado no centro histórico de Goiás e, segundo Cunha Mattos, em 1786 foi repassada à confraria de São Benedito dos Homens Pretos e Mulatos. Construção em taipa de pilão e telhado em telha de barro canal, fazendo meia parede com outras construções, de um lado e de outro. Tem fachada plana e sem torre sineira. Possui forro de madeira em nave e capela mor. Seu acervo é composto, também, por imagens, alfaias e móveis antigos.

Igreja de Santa Bárbara – Edifício religioso, situado em outeiro no Centro Histórico da cidade de Goiás. Construção de 1780, ficava, à época, “cousa de 300 braças” distante da antiga Vila Boa de Goiás. O acervo tombado inclui imagens, alfaias e móveis antigos, entre outros bens.

Igreja de São Francisco de Paula – Edifício de arquitetura religiosa, situa-se em pequena elevação às margens do rio Vermelho. Construção de 1761, tem fachada plana, com cruzeiro de madeira no adro e torre sineira do século XIX separada do corpo da igreja. O tombamento abrange também forros e retábulos policromados, imagens, alfaias e móveis antigos.

Cidade de Goiás comemora 19 anos de Patrimônio Mundial da Humanidade

Igreja de São Francisco de Paula (Foto: reprodução/Iphan)

Imagem de Nossa Senhora do Rosário – Da antiga igreja da mesma invocação, a imagem portuguesa do século XVIII é de autor desconhecido, em cedro policromado e sofreu total repintura. No século XIX, teve mão e menino Jesus refeitos pelo escultor Veiga Valle. Tem dimensões de 1,26m de altura e 0,32cm de largura.

Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte (Igreja da Boa Morte) – Edifício de arquitetura religiosa situado entre duas ruas, tendo sua fachada principal voltada para o Largo da Matriz. Construída em 1779, no local onde esteve a casa do descobridor de Goiás, pertencente à Confraria dos Homens Pardos da Boa Morte. Reconstruída após um incêndio, em 1920, permaneceu templo religioso até 1967. Em 1968, a Cúria Diocesana transferiu para essa igreja, sua coleção de alfaias, móveis antigos, paramentos e, sobretudo, imagens do escultor goiano Veiga Valle, criando o Museu de Arte Sacra da Boa Morte.

Cidade de Goiás comemora 19 anos de Patrimônio Mundial da Humanidade

Igreja da Boa Morte (Foto: divulgação/Iphan)