Conflitos no campo cresceram 6,4% em Goiás no ano passado, em comparação com 2021
No eixo conflitos por terra foram 58, sendo 56 contra a ocupação e posse de territórios de comunidade
Dados registrados pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino da Comissão Pastoral da Terra (Cedoc-CPT) em 2022 revelam que, naquele ano, tiveram 78 conflitos no campo em todo o Estado de Goiás, 6,41% a mais que em 2021. Somente na categoria de conflitos por terra foram 58.
Conforme o CPT Goiás, 56 dos 58 foram contra a ocupação e posse de territórios de comunidade. Outras duas foram de ações de retomada de terra por comunidades camponesas. Em relação a 2021, que teve 46 registros, o crescimento foi de 17,85%.
Em relação as vítimas, 25 eram “sem terra”, 10 assentados, 10 quilombolas, 5 pequeno proprietário, 3 indígenas e 3 posseiros. Em relação aos causadores de agressão, conforme o levantamento, 29 dos causadores foram fazendeiros, 7 mineradoras, 5 governos municipais, 3 governo arrendatário, 3 madeireiros, 3 grileiros, 2 governo federal, 1 garimpeiro, 1 peão de fazenda, 1 Polícia Militar e 1 caso sem informação.
Os tipos variam entre ameaça de expulsão (2), ameaça de despejo judicial (3), contaminaçã por agrotóxico (5), desmatamento ilegal (11), destruição de casa (2), destruição de pertences (4) e de roçados (4), grilagem (7), violações nas condições (19) e outros.
“Todas estas formas de violência contra comunidades que vivem na terra está associada ao crescimento da expansão da mineração e da fronteira agrícola do agronegócio sobre a mata preservada do bioma cerrado”, aponta o relatório que ainda traz outros eixos no campo, como água.
Há, ainda, a “violência contra a pessoa”. Neste caso, do montante de 78 ocorrências de conflitos em 2022, em 32 casos foram registradas diferentes formas de violência contra pessoas. “Os casos somam 37 vítimas das variadas formas de violência registradas pela Comissão Pastoral da Terra.”
São elas: intimidação (12), ameaça de morte (6), humilhação (4), contaminação por agrotóxico (3), agressão (2), criminalização (2), morte em consequência (1), prisão (1) e tortura (1).
Apresentação
A apresentação os dados (que você confere na íntegra a seguir) foram apresentados no auditório 1 da área 2 da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), em Goiânia, na última quinta-feira (29). Na mesa, estavam Dom João Justino, arcebispo de Goiânia e vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Waldemar Passini, bispo da diocese de Formosa e presidente da CNBB-CO, e o bispo da Diocese de Goiás, Dom Jeová Elias, bispo referencial da Comissão Pastoral da Terra na CNBB, além do promotor Márcio Toledo, o procurador da república Wilson Rocha, do Ministério Público Federal (MPF), representante do Tribunal de Justiça de Goiás, e o Gustavo Alves de Jesus, da Defensoria Pública do Estado (DPE)
Dom João Justino falou sobre a pastoral da terra. “Deus destinou a terra e tudo que ela contém para uso de todos os homens e todos os povos de forma a suprir a necessidade de todos, diz o compêndio do Concilio Vaticano II. Ele deu a terra a todo o gênero humano para que trabalhassem e desfrutassem de seus frutos todos os seus membros, sem exclusão. A nossa concepção de que haja uma destinação universal dos bens da terra é o que faz a igreja acompanhar as pessoas que lutam pela terra.”