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Congresso inédito em Goiânia discute a Neuropsicologia Forense

Grande parte das pessoas que simulam comportamentos tem algum tipo de transtorno de personalidade, sendo…

Grande parte das pessoas que simulam comportamentos tem algum tipo de transtorno de personalidade, sendo os mais comuns a psicopatia ou transtorno de borderline (este último inclui como critérios diagnósticos a instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos, além de impulsividade acentuada). A afirmação é do neuropsicólogo Leonardo Faria, especialista em Psicologia Criminal e Forense da Polícia Técnico Científica do Estado de Goiás. Ele participa nos dias 26 e 27 de agosto, em Goiânia, da 7ª edição do encontro “Neuropsicologia na Prática Clínica”, que já rodou várias capitais brasileiras, como São Paulo (SP) e Belo Horizonte (MG).

Segundo Leonardo, um transtorno de personalidade é definido como um padrão persistente – e relativamente estável – de pensamento, sentimento e comportamento. Existem 12 tipos e, nos casos onde se identifica uma pessoa simuladora, são mais frequentes a psicopatia e o borderline. “A taxa de prevalência de 12 meses da psicopatia situa-se entre 0,2 e 3,3% da população; já o índice do borderline é estimado em 1,6%, embora possa chegar a 5,9%”, exemplifica Leonardo, ao citar números da última versão do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-V.

Ele ainda explica que as avaliações neuropsicológicas dentro do contexto forense são demandadas pelo Poder Judiciário quando há a necessidade de esclarecer algum fato, normalmente relacionado à responsabilização de um crime ou à defesa de um direito. “Neste último caso, podemos citar pessoas que podem simular doenças para conseguir obter alguma vantagem financeira de forma inapropriada”, destaca. “Nosso Judiciário ainda privilegia muito as provas materiais, dentro dessa filosofia mais positivista, porém de 2010 para cá tem aumentado o número de perícias realizadas por neuropsicólogos forenses”, completa.

Congresso

A palestra “Neuropsicologia Forense – Como Identificar um Simulador” será conduzida por Leonardo no dia 27 de agosto, às 15 horas. Ele, que é mestre e professor universitário nesta área, conselheiro do Conselho Regional de Psicologia (CRP-GO) e diretor financeiro da Associação Brasileira de Psicologia Jurídica, já atuou em mais de dois mil casos. Entre eles, o do suspeito da chacina de Doverlândia, no interior de Goiás, ocorrida em 2012, e o do padre Fabiano Gonzaga, condenado recentemente a 15 anos de prisão por abuso sexual de um menino deficiente mental, em Caldas Novas, em 2016.

Além da palestra de Leonardo, integra o rol de discussões da 7ª edição do “Neuropsicologia na Prática Clínica” temas como transtornos de aprendizagem (dislexia e discalculia), encaminhamento para exames neuropsicológicos de crianças e adultos, reabilitação e neuropsicologia no envelhecimento.

O evento é destinado a estudantes, pesquisadores e profissionais liberais dos cursos de Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, Medicina e Pedagogia com interesse na área de Neuropsicologia. A organização é do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Neurociências (Nepneuro), com parceria da Pearson Clinical Brasil, Ilumina Neurociências Aplicadas à Saúde Mental e Centro de Neuropsicologia Aplicada (CNA). Mais informações sobre as inscrições podem ser obtid