INVESTIGAÇÃO

Defensoria vai apurar agressões a jovem dentro de supermercado em Inhumas (GO)

A Defensoria Pública de Goiás (DPE) instaurou procedimento para apurar as agressões a um jovem…

A Defensoria Pública de Goiás (DPE) instaurou procedimento para apurar as agressões a um jovem negro dentro de um supermercado em Inhumas. (Foto: reprodução)
A Defensoria Pública de Goiás (DPE) instaurou procedimento para apurar as agressões a um jovem negro dentro de um supermercado em Inhumas. (Foto: reprodução)

A Defensoria Pública de Goiás (DPE) instaurou procedimento para apurar as agressões a um jovem negro dentro de um supermercado em Inhumas (GO). O caso ocorreu na última sexta-feira (18), quando a vítima, de 21 anos, tentava bater ponto para iniciar o período de trabalho no local e foi agredida por dois homens. Segundo o órgão, a violência foi cometida na presença de consumidores, sem que nada fosse feito pela direção do estabelecimento.

O procedimento foi instaurado pela 2ª Defensoria Pública de Inhumas em desfavor da empresa Smart Super Big. O objetivo é apurar a suposta violação aos direitos individuais e coletivos de população hipervulnerável (negra e consumidores), por conta da omissão e permissividade das agressões contra jovem negro.

Além disso, o órgão também pretende propor ação civil pública de caráter indenizatório, por danos morais coletivos, sociais e individuais.

Defensoria pede informações sobre agressões a jovem dentro de supermercado em Inhumas

Segundo a DPE, foi encaminhado ofício ao representante legal do supermercado pedindo informações no prazo de cinco dias. No documento, foram questionados os motivos pelos quais não intervieram diante da situação; por quanto tempo duraram as agressões; qual o suporte prestado ao jovem negro espancado no interior do estabelecimento; se ele foi levado ao hospital por representantes do supermercado; se houve acionamento imediato das autoridades policiais; quem acionou e quanto tempo depois do fato; e se há programa de conscientização e promoção da igualdade racial no âmbito interno da empresa (se sim, desde quando).

O documento ainda questiona se houve preservação das imagens de circuito interno dos fatos noticiados; se havia consumidores no estabelecimento, próximos ou não, no momento das agressões perpetradas; se houve intervenção dos seguranças do estabelecimento para salvaguardar a integridade física do funcionário (se não, por qual razão); e se os seguranças contratados pelo estabelecimento recebem treinamento apropriado sobre questões étnicas e raciais de modo a evitar abordagens ilegais e excessivas contra população negra, ou mesmo, para estimular a correta salvaguarda física dessa população no interior e arredores do estabelecimento.

Paralelamente, foi enviado ofício à Delegacia de Polícia Civil de Inhumas solicitando informações, no prazo de 15 dias, sobre os fatos noticiados.

Relembre

Na última sexta-feira (18), Lucas Gabriel do Nascimento denunciou que foi agredido por dois homens dentro do supermercado em que trabalha, em Inhumas. Ele narra que subia as escadas do estabelecimento, quando os suspeitos foram até ele e o agrediram com murros e chutes.

Lucas afirma que foi acusado de ter xingado a mulher de um dos agressores. No entanto, ele ressalta que nunca viu os suspeitos e sequer conhece os homens que o agrediram. Segundo ele, ninguém que presenciou o crime tentou impedir a violência. Os ataques só cessaram quando uma das funcionárias do supermercado gritou que iria acionar a polícia.

Familiares de Lucas querem que a justiça seja feita. Tia do jovem, a empresária Solange Nascimento afirma que ele trabalha há mais de um ano no local e sempre foi uma pessoa querida por clientes. Ela reclama que o comércio não auxiliou o sobrinho.

Outro lado

Em nota, a empresa Smart Super Big disse que repudia qualquer ato de violência, preconceito, discriminação ou racismo. O supermercado diz que se solidariza com a família da vítima e diz que todo o auxílio necessário está sendo prestado ao funcionário.

“Já estamos colaborando com a apuração e investigação do fato pelas autoridades constituídas”, finaliza o texto.