Nenhuma vítima

“É muito triste ver pessoas próximas perdendo as coisas”, diz moradora de Pontalina

A casa de Exssânia Abreu, estudante universitária e moradora de Pontalina, felizmente não foi atingida…

O laudo da PTC apontou que a represa que se rompeu em Pontalina não possuía estrutura para suportar uma possível cheia no Córrego do Jataí. (Foto: Gustavo Mariano)
O laudo da PTC apontou que a represa que se rompeu em Pontalina não possuía estrutura para suportar uma possível cheia no Córrego do Jataí. (Foto: Gustavo Mariano)

A casa de Exssânia Abreu, estudante universitária e moradora de Pontalina, felizmente não foi atingida pela água. Por outro lado, essa não é a realidade de várias pessoas que perderam móveis, objetos pessoais, documentos e eletrodomésticos. “É muito ver triste ver pessoas próximas perdendo as coisas. Por um lado, fico feliz por não ter chegado à minha casa. Mas a situação está muito complicada”, relata ao Mais Goiás.

Desde as 4h da manhã deste sábado (4) chovia, mas a água começou a invadir a cidade por volta da 6h, segundo conta ao Mais Goiás. Inicialmente, as áreas mais atingidas pelo rompimento da represa foram as chácaras que ficam nas proximidades da Fazenda São Lourenzo das Guarirobas. É nessa propriedade que fica a represa, próxima à chácara do tio da estudante – a cerca de 1 km da cidade. A família está em viagem e apenas a avó estava na casa. A idosa quase se afogou ao ser surpreendida pelo volume da água, mas recebeu ajuda a tempo.

“Os animais da chácara do meu tio e de outras pessoas não puderam ser salvos. Muito gado foi levado”, explica a jovem. Ela ainda lembra que, quando foi ao local, a água estava na altura da barriga dela. Isso daria cerca de 85 centímetros.

No meio do caminho percorrido pela água, já dentro de Pontalina, ela encontrou o lago Rodopiano Alves. A situação, então, só piorou, segundo mostram as imagens enviadas ao Mais Goiás por nossos leitores. As duas pontes que ficam nas entradas da cidade foram interditadas: a da GO – 040, sobre o Rio Meia-ponte, e a da  GO-215. Exssânia conta que os moradores tinham medo de que elas desabassem.

A Prefeitura emitiu alerta e moradores de vários bairros tiveram que deixar as casas pelo risco representados pelo Lago Rodopiano e o da propriedade do senhor Joel Braga. O fornecimento de água e energia aos moradores ficou totalmente comprometido.

Em nota, a Saneago informou que motores, quadro de comando e outros equipamentos da empresa ficaram submersos. Já a Enel explica que ” cerca de 100 clientes ficaram com fornecimento de energia interrompido. A companhia esclarece, ainda, que os técnicos estão enfrentando dificuldades de deslocamento devido à situação encontrada na cidade.”

Bombeiros e equipamentos da cidade de Morrinhos foram enviados para prestar atendimento. Assim como representante da Coordenadoria da Defesa Civil de Goiás e do Corpo de Bombeiros de Goiânia. O Instituto Médico Legal também foi enviado, apesar de que, até o fechamento da matéria, não houve registros de mortes.

Exssânia relata que, às 15h, cerca de 9 horas depois do início do alagamento, a água começou a baixar. Nas ruas onde antes tudo era água, sobrou lama e pedaços de árvores. Mas o estrago que ficou para trás ainda parece incontável para a cidade de Pontalina.

A Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) emitiu uma nota sobre o rompimento da represa. Segundo o órgão, o cadastro de segurança da barragem não estava em dia. Isso porque o prazo expirou em 31 de dezembro de 2019. “Portanto, a Semad não possui nenhum dado obrigatório, que deveria ter sido informado pelo detentor, sobre o estado de conservação da estrutura”, diz o texto.

A informação da Semad é que ela estava regular quanto à outorga para o barramento e uso de água. E que também possuía licenciamento ambiental concedido pelo município, que tem competência para isso.