Audiência de Instrução

“Estava totalmente fora de mim”, diz personal trainer acusado de tentar matar ex-namorada

O personal trainer Murilo de Morais Segurado disse que “estava fora de si” no momento…

Personal trainer acusado de agredir ex-namorada vai a juri popular
Personal trainer acusado de agredir ex-namorada vai a juri popular

O personal trainer Murilo de Morais Segurado disse que “estava fora de si” no momento das agressões contra a ex-namorada, de 33 anos. Além disso, o acusado alegou que a violência aconteceu após a vítima “menosprezar a classe dos professores”, profissão em que a mãe dele atua. A declaração foi dada durante audiência de instrução, na manhã desta quinta-feira (21), presidida pelo juiz Jesseir Coelho de Alcântara.

Murilo disse, em depoimento, estar arrependido das agressões,do último dia 28 de agosto, no Bairro Eldorado, em Goiânia. Além disso, a explosão do comportamento teria acontecido após cobranças financeiras da ex-companheira. “Ela sempre jogou para cima de mim as suas frustrações. Ela estava com o laboratório de veterinária, mas não deu êxito. Ela me pressionava para eu fazer um mestrado e queria que eu almejasse mais dentro da minha profissão”, ressalta.

Ele conta que, no dia das agressões, a discussão já acontecia por meio de um aplicativo de mensagem. Segundo Murilo, a vítima teria feito ofensas à mãe dele. “Com isso, eu fui no apartamento, questionei o porque dela ter feito isso. Ela falou mais coisas desagradáveis ao meu respeito. Descemos e fomos para o carro. Dentro do veículo eu disse para ela parar de ser cínica e falar o por que ela agiu desse jeito. Ela pediu para sair do carro e me chamou de moleque. Nesse momento, ela estacionou o veículo e falou: ‘se dane'”, conta.

Murilo conta que, nesse momento, ficou um tempo dentro do veículo.  Logo após, ele sai e agride a mulher. “Eu não vi nada ao meu redor. Quando eu me dei conta, eu saí de cima dela. Eu lembro de um senhor do meu lado esquerdo e um homem que apontou a arma para mim”, ressalta.

O personal disse que, em momento nenhum, o policial civil Aurélio Augusto de Sousa Dias se identificou como autoridade. “Eu senti o disparo passar no meu ouvido. Depois isso, eu não ouvi mais nada. Eu não consigo ver aquelas imagens [gravadas da agressão]. Em nenhum momento eu tive a intenção de matá-la. Não é da minha índole, do meu caráter. Eu estou muito arrependido. Perdi a minha cabeça”, ressalta.

Ele contou que foram cercas de oito términos e que só retomou o relacionamento devido à insistência da mãe da vítima. “Ela me tem como um filho. Ela me ligou e falou que só eu que a entendia e que era para eu apagar e desse uma nova chance para ela”, pontua.

Murilo também disse que não tem saído de casa e que, desde que saiu da cadeia, nunca mais procurou a vítima. “Eu tive medo. Eu não estou com condições psicológicas e emocionais para isso. Sei que também tinha uma medida protetiva contra mim e sei que não posso descumpri-la”, afirma.

Testemunhas de defesa

Três mulheres que frequentam a mesma igreja que Murilo prestaram depoimentos na audiência. Todas disseram que ficaram surpresas. Além disso, duas delas alegaram que várias vezes viram a vítima brigar com o personal por motivos banais.

“Uma vez eu vi ela brigar com ele quando ele foi repetir o prato de comida num Réveillon que teve na igreja. Não justifica o ato que ele fez. Ele sabe do erro dele tem que pagar. Não estamos defendendo, mas achamos essa acusação de tentativa de homicídio muito forte”, disse Núbia Carla de Oliveira Macedo.

“Ela o humilhava direto por questões financeiras. Ela não aceitava o fato dele dar aula. Ele pedia muito conselho para saber de como lidar com essa questão do relacionamento. Ele sabe o que ele fez, mas tentar matar é algo muito forte”, afirma Juliana Guedes de Carvalho.

Próximos passos

A defesa do personal, representa pelo advogado Max Leão, tenta a descaracterizar o crime de tentativa de homicídio para lesão corporal. Para isso, ele se baseou nas contradições do depoimento do policial civil e de outra testemunha de acusação em juízo. Além dos autos policiais. No momento da audiência, houve a reparação dessas divergências.

A audiência de instrução serve para a colheita de provas, segundo explica o juiz Jesseir Coelho de Alcântara. Os próximos passos são abrir o tempo para o Ministério Público e a defesa apresentem memoriais. “Essas são as alegações finais no processo. Vindas essas alegações, eu vou decidir se ele vai ou não a júri popular”, ressalta.

O juiz destaca que o acusado, solto no último dia 22 de outubro após habeas corpus deferido pelo juiz José Paganucci Júnior, permanece em liberdade até a tramitação do processo. “Não há um novo motivo para pedir a prisão dele. A não ser que surja um fato novo que venha mudar o curso do processo”, finaliza.