Representatividade

Estudantes da UFG são premiados após desenvolverem lingerie para transexuais

Dois estudantes de Design de Moda da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de…

Dois estudantes de Design de Moda da Faculdade de Artes Visuais da Universidade Federal de Goiás (FAV/UFG) desenvolveram o Projeto Siamesas. O objetivo é produzir peças íntimas voltadas às necessidades da população trans e combater o preconceito. Ideia foi premiada na 5ª Olimpíada de Empreendedorismo Universitário.

Os estudantes Carlos Augusto Ferreira, 24 anos, e Arthur Resende, 22 anos, autores da empreitada, acreditam que, por ocupar um espaço novo no mercado, a iniciativa cria grandes expectativas sobre o sucesso do empreendimento. Os jovens avaliam que é positiva a ideia de produzir algo para esse público.

Carlos conta que projeto surgiu através de uma atividade na faculdade. “Deveríamos resolver um problema de moda relacionada a gênero, então resolvemos trabalhar com trans e travestis. Conversamos com algumas conhecidas e praticamente todas foram unanimes em falar da dificuldade relacionada à roupa íntima”, esclarece.

Sobre a aceitação do Siamesas, Carlos afirma que dentro da faculdade o projeto foi bem aceito. “Recebemos muito apoio dos colegas e professores, sem casos de preconceito. Nos lugares os quais apresentamos o projeto, ele sempre foi recebido com muito interesse”, declara.

Carlos e Artur estão concluindo os últimos ajustes dos protótipos, para lançarem a primeira linha de lingerie oficialmente. “Nossa marca vai abranger todo o mix de produtos os quais a moda íntima no geral oferece, só que pautado e pensado para mulheres trans, travestis e transgêneros”, comenta Carlos.

Premiação

A 5ª Olimpíada de Empreendedorismo Universitário, evento realizado em outubro de 2018 e promovido pela UFG por meio dos Centros de Empreendedorismo e Incubação e os Programas da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI/UFG), distribuiu R$ 20 mil em prêmios. O Siamesas foi premiado na categoria “Negócios”.

“[O prêmio] Nos deu mais força para acreditar no projeto e profissionalizar nossa ideia. Foi um trampolim para investirmos em pesquisa, criação da marca, produção dos protótipos etc. Se não fosse pela Olimpíada não teríamos conseguido dar continuidade ao Siamesas”, pontuou Carlos.

Preconceito e reconhecimento

O Brasil é considerado o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. Dados divulgados pela organização não-governamental (ONG) Transgender Europe (TGEU) apontam que entre setembro de 2017 e outubro de 2018 foram assassinadas 167 pessoas desta comunidade no Brasil. Sendo assim, a população trans tem pedido por políticas públicas e iniciativas empreendedoras para garantir direitos, visibilidade e cidadania.

Pessoas transexuais são aquelas que não se identificam com o gênero atribuído durante o nascimento (masculino ou feminino). Em alguns casos, elas passam por processos de hormonização e cirurgias para se sentirem confortáveis com seus corpos. As travestis, por sua vez, assumem uma identidade de gênero feminina, mas optam por preservar a genitália masculina.