Assédio

Ex-grão mestre de loja maçônica é acusado de assédio sexual no trabalho

Uma funcionária da Loja Maçônica Grande Oriente de Goiás acusa o ex-grão mestre da entidade,…

Ex-grão mestre de loja maçônica é acusado de assédio sexual no trabalho
Ex-grão mestre de loja maçônica é acusado de assédio sexual no trabalho

Uma funcionária da Loja Maçônica Grande Oriente de Goiás acusa o ex-grão mestre da entidade, Lourival Arantes dos Santos, de assédio sexual. A denúncia veio à tona durante um processo judicial de natureza trabalhista, no qual a ex-funcionária relata os supostos abusos.

O Mais Goiás teve acesso exclusivo ao processo com as alegações da vítima e do suspeito e a um boletim de ocorrência feito por ela. Nelas, a ex-funcionária afirma que a vida dela “virou um verdadeiro inferno”. E relata casos de assédio sexual e moral, com envio de mensagens de cunho sexual, propostas e perseguição no ambiente de trabalho. No processo, ela pede uma indenização no valor de R$ 189 mil.

Assédio sexual

Em depoimento para a Polícia feito no dia 4 de novembro, a vítima afirma que os problemas começaram durante as eleições para grão mestre da ordem, que aconteceram no primeiro semestre deste ano. Ela afirmou, no Boletim de Ocorrência, que recebia mensagens do suspeito neste período, mas que elas eram sempre cordiais.

Pouco tempo depois ele teria começado a mandar mensagens de cunho sexual. A vítima diz que, apesar das cobranças, não respondia. Depois que o Lourival venceu as eleições, ele teria feito um comentário pedindo que as funcionárias fossem trabalhar com trajes informais, “bem bonitas”. Em seguida, ele dirigiu-se a ela dizendo que ela estava “muito gostosa” e que estaria “pronta pra comer”.

Ainda de acordo com o depoimento, o suspeito teria feito outras duas investidas contra a funcionária nos meses de julho e agosto. Na última, ele sugeriu que ambos saíssem na hora do almoço para “ir transar”. O texto diz ainda que ele estava com as mãos sobre os genitais e que ele teria feito alusão ao salário dela, que era alto, afirmando que ela precisaria dar algo em troca.

Assédio moral

No processo trabalhista a funcionária afirma que, depois que ela recusou a proposta, então grão mestre a tirou da sala, deixando-a sem local para trabalhar. Além disso, ele teria tratado ela com rigor excessivo e reduzido o salário.

Outra acusação feita pela ex-funcionária é que ele a teria obrigado a trabalhar mais do que o previsto no contrato. Ela afirma que trabalha no local há muitos anos e que o horário registrado sempre foi de seis horas diárias. Mas que foi obrigada a trabalhar o dia inteiro sob acusação de ter rasurado o registro de emprego para diminuir as horas trabalhadas.

Outra versão

A defesa do suspeito afirmou, no processo, que as mensagens enviadas eram correspondidas pela ex-funcionária e que se tratavam de piadas, mas que nunca houve investidas. E que ambos mantinham uma relação de amizade e carinho e que nunca houve qualquer conversa pessoalmente em tom de assédio.

O texto diz, também, que ela foi designada para outras funções na loja maçônica. Devido aos altos salários que recebia, foi determinado que ela passasse a acompanhar as rotinas do administrativo e financeiro. Ainda de acordo com a defesa, ela concordou com a decisão, mas com o tempo “mostrou-se insubordinada e passou a ficar no ócio”.

Quanto à mudança no horário de trabalho, a defesa alega que foi uma decisão de gestão. Esse, inclusive, seria o motivo da denúncia. A vítima, de acordo com as alegações, ficou insatisfeita com a gestão, pois achou que teria vantagens por ter uma relação de amizade com o grão mestre eleito.

O Mais Goiás tentou contato com o suspeito, mas as ligações não foram atendidas até o fechamento da matéria, às 19h07. O espaço está aberto para manifestação.

Renúncia

Lourival apresentou a renúncia do cargo no dia 28 de novembro. De acordo com a Coluna Fio Direto, do Jornal Diário da Manhã, o motivo foi a pressão das denúncias contra ele. O mesmo veículo afirma que o fato foi comentado pelo Deputado Estadual Major Araújo na Assembleia Legislativa de Goiás.

De acordo com o texto, o parlamentar pediu ainda que os colegas repercutissem a informação para que não houvesse impunidade no caso.