Repercussão

Ex-miss trans que acusa delegado de violência sexual se pronuncia: “tive medo, vergonha”

Ex-miss trans contou que aceitou ir embora com o delegado porque um amigo em comum disse que ele era de extrema confiança

Delegado Kleyton Manoel Dias, acusado por uma mulher trans de violência sexual (Foto: Reprodução)
Delegado Kleyton Manoel Dias, acusado por uma mulher trans de violência sexual (Foto: Reprodução)

Jade Fernandes, a mulher trans que acusa o delegado da Polícia Civil de Goiás Kleyton Manoel Dias de estuprá-la na última quinta-feira (4), manifestou-se sobre o caso por volta das 23 horas desta sexta-feira (5), no perfil dela no Instagram. Ela diz que sentiu “medo” e “vergonha” de contar o que havia sofrido, porque não queria que as pessoas a vissem como vítima.

“Tive medo de contar o fato de ontem (quinta). Hoje passei o dia assustada, com medo de denunciar o que aconteceu, mas gente… estava incentivando mulheres a fazerem isso, e eu mesma não iria fazer? Então o assunto é bem mais complexo, e é aí que temos que ser fortes e sim, se cada uma de nós fizer nossa parte, podemos nos ajudar”.

A mulher trans pediu tempo aos amigos e contou que, no dia do abuso, estava gravando vídeo de apresentação do concurso de beleza do qual irá participar e levantando a bandeira trans, a bandeira do empoderamento.

“Foi muito humilhante para mim, por um momento eu achava que estava louca. Teve um momento que senti que estava perdendo o controle da realidade, comecei a questionar se o abuso/estupro tinha realmente acontecido. Para a minha própria sanidade, eu me forcei a relembrar os detalhes. Pensei em ir embora, sumir. Mas pensei: poxa, que tipo de influenciadora eu seria se pregasse algo e fugisse? Isso me deu força”.

A mulher completou a mensagem com um pedido: “respeitem meu tempo. Logo responderei todos”.

O crime

Na ocorrência registrada pela Policia Militar, a mulher contou que aceitou ir embora com o delegado depois que um jornalista, que foi quem organizou e a convidou para a festa de aniversário dele em uma boate no Setor Alto da Glória, afirmou que o policial era de extrema confiança.

Antes de seguir para a casa dela, contou, o delegado primeiro deixou outra mulher, que também havia pegado carona com eles, no Setor Jaó.

No caminho até o Jardim Novo Mundo, porém, ainda segundo a denunciante, o policial parou o carro em uma rua sem movimento, tirou o órgão genital para fora, e a agarrou.

A vítima contou que tentou relutar, e que só se lembra de ter sido sacudida e jogada no porta malas do carro, ocasião em que foi estuprada, agredida, e, que depois de gritar para que ele não a matasse, desmaiou.

Quando foi deixada na porta de casa, a mulher, relatou um amigo que mora com ela, estava sem o vestido, e bastante ensangüentada.

Pouco tempo depois, ainda conforme o depoimento deste amigo, o delegado retornou, jogou o vestido dela na calçada, e afirmou que seria melhor que resolvessem aquilo por ali, sem que o caso fosse relatado à polícia.

Na manhã de hoje, após conversar com outras pessoas que estavam na festa, e depois de ligar para o jornalista que organizou o evento, a vítima soube que o delegado com quem ela pegou carona é o titular do 8° Distrito Policial de Goiânia, Kleyton Manoel Dias.

Por meio de nota, a Polícia Civil disse que assim que tomou conhecimento do caso adotou todas as medidas necessárias para seu esclarecimento, e que a corregedoria da corporação já está acompanhando o caso.

O delegado Kleyton Manoel não foi localizado para apresentar sua versão, mas o espaço está aberto, caso queira se pronuciar.