SEM PROTEÇÃO N-95

Funcionários do Huapa denunciam falta de EPIs para tratar pacientes com Covid-19

Funcionários do Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) denunciaram a falta de Equipamentos…

Governo de Goiás muda nome de hospitais do Estado, entre eles o Huapa (Foto: Divulgação)
Governo de Goiás muda nome de hospitais do Estado, entre eles o Huapa (Foto: Divulgação)

Funcionários do Hospital de Urgências de Aparecida de Goiânia (Huapa) denunciaram a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) para lidar com pacientes infectados com o coronavírus. De acordo com a reclamação, os colaboradores estão cuidando das pessoas sem a máscara N-95, indicada para os profissionais de saúde. Direção da unidade afirma que denúncia não procede.

Um funcionário que não quis se identificar afirmou que, na enfermaria, os profissionais lidam com diversos pacientes e que um deles veio a óbito por causa da Covid-19. “Apesar de ser um hospital de traumas, nós recebemos todo tipo de pacientes. Um deles deu entrada no hospital com fratura, ficou dois dias internado e começou a tossir dentro da enfermaria. Ele foi isolado, testado e veio a óbito. Depois soubemos que deu positivo para Covid-19. Eu e vários outros profissionais cuidamos deles sem o equipamento adequado.”

A pessoa ressalta que a máscara disponibilizada pelo hospital não é adequada para os profissionais de saúde. “Eles nunca disponibilizaram a máscara N-95, que é a única que protege realmente a equipe do vírus. Estamos em contato direto com pacientes sintomáticos. Eles estão tossindo, espirrando, com febre. Por esse motivo, a máscara que os profissionais tem que usar é diferente. E eles estão disponibilizando apenas a máscara comum, que não protege”, relata.

O funcionário afirmou, ainda, que as máscaras foram solicitadas por meio de uma Circular Interna, mas a Direção Técnica do Huapa afirmou que, como plano de contingência, apenas parte da equipe receberia o EPI.

“A parte da equipe que ficou sem o equipamento foi justamente a enfermagem”, disse. “Como estamos em transmissão comunitária, a gente não sabe quem está com o vírus ou não. Estamos completamente expostos”, concluiu.

Denúncia recorrente

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores(as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), Ricardo Manzi, afirmou que a entidade tem recebido diversas reclamações de falta de EPIs desde o início da pandemia.

“Denúncias como essa (do Huapa) são muito recorrentes. Entramos com uma ação no Tribunal Regional do Trabalho e conseguimos uma liminar que obriga o poder público a fornecer equipamentos a todos os profissionais. Essa decisão é de 23 de abril e, mesmo assim, continuamos recebendo denúncias”, disse o presidente.

Ricardo afirmou que o sindicato irá realizar uma visita ao hospital para verificar as condições de trabalho durante a pandemia. “Estamos encaminhando todas essas denúncias também ao Ministério Público do Trabalho. Amanhã iremos ao hospital para verificar a situação. Sabemos que, dependendo da atividade laboral, máscara N-95 é fundamental para o trabalho”, concluiu.

Outro lado

Em nota, a direção do Huapa disse que a denúncia não procede e que as máscaras estão disponíveis para todos os profissionais de saúde que realizam o atendimento na unidade. De acordo com o texto, a quantidade de EPIs pode ser acessada pelo site da Secretaria de Estado da Saúde (SES).  No início da tarde de hoje, havia 9.939 máscaras N-95 disponíveis na unidade, com a duração prevista para 273 dias.

Segundo a direção, desde o início da pandemia, o hospital criou o Comitê de Crise de Enfrentamento da Covid-19 para a tomada de decisões estratégicas, a fim de garantir a segurança dos pacientes, segurança ocupacional e o controle de infecção hospitalar, além de garantir a qualidade na assistência do Huapa.

O Mais Goiás procurou contato com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), mas até o fechamento da matéria, às 19h26, não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação.