Saúde

Funcionários e pacientes do Hugo denunciam falta de insumos na unidade de saúde

Funcionários e familiares de pacientes internados no Hospital Estadual de Urgências de Goiânia (Hugo) apontam que…

Funcionários e familiares de pacientes internados no Hospital Estadual de Urgências de Goiânia (Hugo) apontam que ao longo desta semana, diversos itens e insumos básicos estão em falta na unidade de saúde. Desde quinta-feira (26), lençóis não estão sendo trocados e, há algumas semanas, materiais como seringas, luvas e fraldas geriátricas não são vistos no estoque.

O desabastecimento, como observa a presidente do Sindicato dos Trabalhadores(as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO), Flaviana Alves, não é raridade no Hugo. A falta de insumos ficou evidente durante a paralisação dos caminhoneiros que impediu que alguns itens chegassem à unidade. No entanto, mesmo com a desobstrução das estradas, os estoques do hospital não se normalizaram.

A técnica em enfermagem do Hugo, Eduarda Rodrigues* aponta que há uma semana as fraldas descartáveis para os pacientes acabaram e que as famílias não foram autorizadas a adquirir o produto por conta própria. “Isso é uma coisa que passamos todo dia. Hoje faltam luvas, amanhã é o pessoal da limpeza que paralisa as atividades. Essa escassez é muito corriqueira para nós”, desabafa.

A falta de faldas descartáveis não cessou. De acordo com a enfermeira Lúcia da Silva*, além deste item, faltam também seringas, luvas e heparina, um medicamento anticoagulante. No caso das seringas, a funcionária aponta que a escassez é, sobretudo, daquelas utilizadas na administração de medicações intramusculares e para aplicação de medicamentos em soro fisiológico.

“Só tem agulha 40×12. No momento nós aspiramos e administramos medicamento no soro com a agulha 40×12 , ela danifica esse dispositivo [que conecta o soro à seringa]. Na sequência, temos que trocar o equipamento porque fica vazando o soro”, revela.

Teresa Soares* está no Hugo há seis dias acompanhando o esposo internado após um acidente de motocicleta. Além da falta de lençóis, a dona de casa disse ter observado também que a limpeza do local não está sendo feita de maneira regular. Ela disse ter ouvido nos corredores que o atendimento de urgência foi suspenso, contudo, a administração do Hugo refuta essa hipótese.

Denúncias

Flaviana informou que a escassez que insumos já aconteceu em outros períodos. Neste caso recente, pacientes do hospital e funcionário procuraram o Sindisaúde relatando os problemas. “Na época da greve dos caminhoneiros o argumento da administração do hospital era a paralisação. Sobre esse último caso não temos resposta”, disse.

Segundo a presidente, o sindicato encaminhou também uma denúncia ao Ministério Público de Goiás (MPGO) para que uma investigação fosse iniciada, mas que até o momento nenhum membro do órgão se pronunciou. O Mais Goiás entrou em contato com o MPGO que informou, contudo, não ser possível afirmar se há procedimentos abertos no órgão em relação à falta de insumos no hospital.

Flaviana reforça que o sindicato está pleiteando junto ao Conselho Estadual de Saúde, uma reunião para a primeira semana de agosto. A pauta deverá incluir o assunto. A presidente do Sindisaúde argumenta que a escassez atrapalha tanto o trabalho dos funcionários como a excelência do atendimento conferido aos pacientes.

Leia a íntegra da nota emitida pelo do Hugo em resposta às denúncias:

O Hospital de Urgências de Goiânia Dr. Valdemiro Cruz (Hugo) informa, por meio da diretoria do Instituto Gerir, Organização Social que administra a unidade de saúde, que está adquirindo todos os insumos necessários para a garantia do atendimento aos pacientes. Em relação à Central de Hotelaria, esclarece que a máquina que seca os enxovais apresentou um problema técnico, já solucionado. Por essa razão, os 4 mil quilos de lençóis processados diariamente estão sendo submetidos à secagem e entregues nos leitos de internação, paulatinamente. Sobre o funcionamento do setor de Emergência do Hugo, o hospital informa que continua atendendo pacientes, de forma ininterrupta, sejam regulados ou de demanda espontânea que necessitem de atendimento de urgência e emergência.

* Os nomes foram alterados em respeito à identidade das vítimas.

**Amanda Sales é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo