Saúde

Goiás registra mais de 21 mil casos de sífilis em cinco anos

O estado de Goiás registrou 21.279 casos de sífilis entre os anos de 2013 e…

O estado de Goiás registrou 21.279 casos de sífilis entre os anos de 2013 e 2018. Os dados são do Boletim Epidemiológico da Sífilis de 2018. O documento afirma ainda que, de todos os casos, 13.183 casos eram de sífilis adquirida, 6.423 de sífilis em gestantes e 1.473 de sífilis congênita – transmitida da mãe infectada para o feto durante a gravidez.

A coordenadora estadual de IST/Aids da Secretaria de Estado de Saúde de Goiás (SES-GO), Milca de Freitas Queiroz, afirma uma das causas do aumento é o aprimoramento do sistema de vigilância epidemiológica. Entretanto, o número também está relacionado à redução do uso de preservativos.

Milca ressaltou que é fundamental que as pessoas se conscientizem das responsabilidades individuais de cada um. “O uso do preservativo nas relações continua sendo de fundamental importância”.

Epidemia

Goiás não é um caso isolado no aumento dos casos de da doença. De acordo com dados do Ministério da Saúde, o número de casos de sífilis adquirida a cada 100 mil habitantes pulou de 44,1 em 2016 para 58,1 em 2017 no Brasil.

A sífilis em gestantes cresceu de 10,8 casos por mil nascidos vivos para 17,2 no mesmo período. Os casos de sífilis congênita aumentaram de 21.183 casos em 2016 para 24.666 em 2017. O número de óbitos por sífilis congênita foi de 206 casos em 2017, enquanto em 2016, haviam sido 195.

Em Goiás a SES distribuiu 211.300 testes de sífilis na tentativa de frear a epidemia. Além disso, foi instituído o Comitê Estadual de Investigação de Transmissão Vertical de Sífilis. Outra medida tomada foi a capacitação de profissionais de saúde em testagem rápida e manejo clínico da doença.

A nível nacional, O Ministério da Saúde promove uma campanha com informações sobre a doença. Ela pode ser acessada aqui.

Mais medo de engravidar do que de DST

A enfermeira educadora em saúde SESC-GO, Maressa Noemia Rodrigues Queiroz, afirma que o problema da epidemia está relacionado tanto ao baixo uso do preservativo quanto das próprias características da doença.

“Muitas pessoas abandonam o tratamento com o desaparecimento dos sintomas no início do seguimento ambulatorial. Nesses casos, mesmo com a ausência do sintomas pelo tratamento incompleto, esses indivíduos continuam transmitindo a bactéria. Outro fator que contribui com o aumento dos casos em Goiás são as falhas no pré-natal principalmente no tocante relacionado com o tratamento do parceiro, o que gera a reiinfeccao da gestante”, afirmou.

Maressa explica também que o avanço dos métodos contraceptivos tem feito com que o preservativo seja menos utilizado. “As pessoas possuem um medo muito maior de engravidar do que de contrair alguma infecção sexualmente transmissível. Com o avanço e popularização dos métodos contraceptivos e falta de educação sexual, os jovens e adultos abrem mãos do uso do preservativo em favor da pílula anticoncepcional, do dispositivo intrauterino (DIU) e da pílula do dia seguinte”, complementou.

O que é?

A sífilis (conhecida como cancro duro) uma doença infecciosa causada pela bactéria Treponema pallidum. Ela pode ser transmitida de uma pessoa para outra por meio de relações sexuais sem preservativos (com ou sem penetração). Há também os casos de transmissão de mãe para o bebê (durante a gestação ou no parto) e através de transfusão de sangue contaminado.

Ela possui vários estágios, cada uma com sintomas que somem independente de tratamento. É uma doença que pode aparecer e desaparecer, mas que permanece latente no organismo. No estágio final, ela pode causar lesões na pele, nos ossos, cardiovasculares e neurológicos, podendo levar à morte. Pode surgir décadas após o início da infecção.

Milca alerta para a importância de se prevenir e fazer o teste em caso de relações desprotegidas. “A maioria das pessoas com sífilis não apresenta sintomas. E mesmo quando os sinais aparecem, muitas vezes elas não os percebem, e podem assim, sem saber, transmitir a infecção aos parceiros sexuais”.

Maressa lembra que a  que as unidades de saúde públicas tem condições de fazer testes rápidos para a triagem de sífilis. “As unidades Básicas de saúde (UBS) encontram-se capilarizadas na capital. Em Goiânia existem cerca de 80 unidades”.

 

*Atualizado às 21h36 para acréscimo da entrevista com Maressa Queiroz