Transtornos

Impasse na educação de Goiânia prejudica rotina de pais que não têm onde deixar filhos

Em quatro tentativas de conciliação, o prefeito de Goiânia não apresentou nenhuma proposta, segundo o Sintego

Sem propostas por parte da prefeitura de Goiânia, greve já dura uma semana. Foto: Sintego

O ano letivo de 2024 mal começou e pais e alunos enfrentam transtornos por causa da greve dos Servidores administrativos da Educação de Goiânia, que completou uma semana. A categoria reivindica p aperfeiçoamento do plano de carreira e argumenta que a prefeitura não cumpriu acordos feitos no final de 2023.

Em quatro tentativas de conciliação, o prefeito de Goiânia não apresentou nenhuma proposta, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego). O resultado disso é que a greve deve atingir ao menos 170 unidades de ensino da capital, além de mudar a rotina de pais e responsáveis que não tem onde deixar os filhos para poder trabalhar.

Ao Mais Goiás, Patrícia Bastos conta que a filha de 10 anos estuda na Escola Municipal Sebastião Arantes em tempo integral, em Goiânia, mas por causa da greve a pequena fica aos cuidados da mãe para ela conseguir trabalhar. Por outro lado, Patrícia conta que por mais que tem o apoio da mãe, o pai dela está hospitalizado com uma doença grave e incurável, ou seja, dificultando ainda mais a situação.

”Meu pai está hospitalizado com uma doença grave e incurável e quem está cuidando dele em tempo integral é a minha mãe. Trabalho em um berçário particular e minha carga horária é puxada. Entro as 7h e saio as 18h30. Como a escola está atendendo precariamente, por conta da greve dos servidores, temos que nos desdobrar”, detalha Patrícia.

Além disso, ela conta que a filha está saindo mais cedo, às 11h30, mas muitas vezes ela não consegue buscá-la dentro do horário. ”Minha filha ficou me aguardando até meio dia. Graças a Deus tenho carro e consigo comprar almoço para ela, mas se não fosse isso, não sei o que seria de mim. Agora mesmo, minha filha está sozinha em casa,pois não tenho com quem deixá-la”, disse a mãe preocupada com a pequena sozinha às 16h.

Falta de profissionais e desvalorização

A situação da greve na educação municipal já é um problema antigo em Goiânia. Servidores se sentem desvalorizados pela gestão municipal e também questionam a falta de profissionais nas unidades, tais como professores, merendeiras, pessoal da limpeza e além da precariedade, em muitos casos situação de verdadeiro abandono em alguns locais.

Uma mãe que não quis se identificar disse que o filho autista está matriculado na Escola Municipal Jardim Nova Esperança, e segundo ela o pequeno está sem estudar há quase dois meses porque na unidade não tem professor de apoio.

Nas redes sociais pais e responsáveis cobram da prefeitura de Goiânia uma resposta rápida e pedem por convocação de concursados. ”O que está acontecendo com a educação em Goiânia? Meu Deus, está uma vergonha, aqui no Novo Planalto meu filho não teve aula e nem sabe quando voltará a ter porque o contrato da professora acabou e não mandaram outra profissional para o cargo”, publica uma mãe.

Plano de carreira

Na manhã desta quinta-feira (5) servidores, e presidente do Sintego, a deputada estadual Bia de Lima (PT) ocuparam a Tribuna da Câmara Municipal de Goiânia para reivindiar isonomia, valorização da categoria e elaboração de um novo plano de carreira aos administrativos da Educação municipal.

Uma audiência de conciliação entre a Prefeitura de Goiânia e o Sintego nesta segunda-feira (4), terminou sem acordo após a prefeitura não apresentar proposta. A presidente do Sintego, Bia de Lima disse que o Rogério Cruz tem que chamar para si a responsabilidade como prefeito.

”Prometeu que ia fazer o plano de carreira dos servidores administrativos da Educação, fez de todo mundo, mas não conclui para aqueles que tem os menores salários”, destaca.

Na semana passada, o Paço apresentou apenas o acréscimo de R$ 300 no auxílio locomoção, passando para R$ 800, com argumento de que “a Prefeitura não pode aumentar seu gasto com pessoal em nada. Além disso a partir de abril, por conta da lei eleitoral fica impedido conceder aumento de salário. O que nós estamos tentando dialogar com o sindicato é que por força de lei não podemos apresentar um plano de carreira”, disse nota.