RELACIONAMENTO ABUSIVO

Homem que matou sogro em farmácia de Goiânia é indiciado por quatro crimes contra a namorada

Felipe Gabriel Jardim Gonçalves, suspeito de matar o ex-sogro e policial civil aposentado João Leão,…

Felipe Gabriel matou João do Rosário com tiros na cabeça e no peito. Juiz determina prisão preventiva do jovem que matou o sogro em farmácia
(Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Felipe Gabriel Jardim Gonçalves, suspeito de matar o ex-sogro e policial civil aposentado João Leão, foi indiciado por praticar quatro crimes contra a ex-namorada e filha da vítima fatal, Kennia Yanka. O inquérito que investiga o caso foi finalizado na sexta-feira (8) e encaminhado da Delegacia Especializada no atendimento à Mulher para o Poder Judiciário. A apuração dos fatos é de responsabilidade da delegada Cybelle Tristão, que indiciou o rapaz por ameaça, injúria, disparo de arma de fogo e violência psicológica.

Em entrevista coletiva, a delegada confirmou que Felipe tinha uma relação “conturbada e agressiva” com a ex-namorada. A investigação aponta ainda que um dos motivos que levaram o rapaz a matar o ex-sogro foi a descoberta de que o policial aposentado tinha registrado um boletim de ocorrência contra ele por ameaçar Kennia.

Felipe Gabriel e Kennia namoraram por cerca de um ano (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

“No início se mostrou uma pessoa maravilhosa, mas depois foi se mostrando um mostro, abusivo. Ele me batia, colocava arma na minha cabeça e ameaçava, que se eu largasse ele iria matar toda minha família”, disse a mulher em uma entrevista concedida ao Mais Goiás.

Kennia também relata que o ex-namorado falava em matar o filho, de 4 anos, que é fruto de outra relação. “É o pior pesadelo que alguém poderia viver”.

Outras mulheres

Além de Kennia, Felipe responde a três processos de ameaças e crimes contra mulheres no sistema judiciário goiano. Segundo o Tribunal de Justiça de Goiás, o rapaz é réu em um processo por ameaça cometido em novembro de 2020 e registrado na comarca de Aruanã. Na ocasião, ele portava um simulacro de arma de fogo.

Em janeiro de 2021, uma mulher com quem se relacionou conseguiu medidas protetivas contra ele após ser agredida em razão de uma crise de ciúmes que ele teve durante uma festa. Outros três registros foram feitos pelo Batalhão Maria da Penha em março, abril e julho do mesmo ano.

Estratégia de defesa

A defesa do suspeito alega que ele só ameaçou a ex-namorada quando “era constrangido ou incitado a fazer”. O discurso ainda aponta que Kennia era “possessiva e ciumenta” e que ameaçou o rapaz para que reatassem o namoro após uma separação.

Por outro lado, culpar a vítima é uma estratégia de defesa bastante comum, segundo especialistas. Os advogados tentam provar que seus clientes homens não são culpados por seus atos porque foram “tentados” pelas mulheres. Esse argumento chega a ser “previsível, ardiloso e trivial”, segundo a advogada voluntária no Centro de Valorização das mulheres, Darlene Liberato.

Morte do ex-sogro

Câmeras de segurança de uma farmácia que fica no cruzamento da Avenida T-4, com a T-13, no Setor Bueno, em Goiânia, registraram quando Felipe Gabriel entra no estabelecimento e atira na cabeça e no peito do ex-sogro, João Rosário Leão, de 62 anos.

O idoso foi encaminhado para um hospital próximo a farmácia e transferido para  o Hospital de Urgências de Goiânia, mas não resistiu aos ferimentos.

O ex-genro, que fugiu em um carro branco, já foi soldado do Serviço de Interesse Militar Voluntario (Simve) e havia sido nomeado gerente de sinalização da Superintendência Municipal de Trânsito e Mobilidade (SMM) de Goiânia há poucas semanas antes do crime. Ele foi exonerado do cargo e segue detido.

LEIA MAIS

“Ele ficou com a arma na minha cara”, diz ex de suspeito de matar idoso em Goiânia; vídeo

É comum defesa alegar surto psicótico em casos de homicídio, dizem especialistas

Veja tudo que se sabe sobre o caso do homem que matou o ex-sogro, em Goiânia

*Jeice Oliveira compõe programa de estágio do Mais Goiás sob supervisão de Hugo Oliveira