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Idosos e profissionais de saúde fora de linha de frente protestam contra “fura-filas”

Nem todo idoso é grupo prioritário na vacinação contra a Covid-19. De fato, se vacinarão…

Brasil vacinou mais 690 mil brasileiros contra a Covid-19
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Nem todo idoso é grupo prioritário na vacinação contra a Covid-19. De fato, se vacinarão primeiro somente aqueles que vivem em abrigo e os profissionais da saúde da linha de frente. A farmacêutica bioquímica Darcy Barbosa Arruda Villela é servidora pública do Ministério da Saúde da Secretaria Estadual de Saúde. Ela ainda não foi vacinada. Apesar de ter mais de 60 anos, ela não está na linha de frente, pois não atua na área assistencial. Para ela, furar a fila é sinal de “mau-caratismo”.

“No momento, não atuo em linha de frente e não sou da área assistencial, ou seja, não lido diretamente com pacientes”, explica. Darcy, que já garantiu que vai esperar a vez, disse que, em Goiás ou qualquer outro lugar, furar a fila reflete a falta de empatia e falta de caráter do ser humano.

Como profissional da saúde ela sabe bem que cada dose usada de forma fora do protocolo implica em uma pessoa a menos imunizada da área prioritária. “O ideal seria haver doses suficientes para todos de modo unânime. Mas como há escassez de doses é imprescindível que a fila seja respeitada.”

Para ela, o ideal era que não precisasse de fiscalização, mas como isso não é possível e “o mau-caratismo impera nesse povo brasileiro, a própria população deve fiscalizar, juntamente com a imprensa e o Ministério Público”.

Darcy Arruda é profissional, mas não está na linha de frente (Foto: Arquivo Pessoal)

Mais de 60 e sem prioridade

Jairo Silva Júnior é professor e tem 65 anos. Ele sabe que ainda não é a vez dele e pretende esperar. “Furar fila é horrível, não pode ocorrer o que já está acontecendo. Pessoas utilizando de privilégios para entrar na frente. Até mesmo em Manaus, onde saúde colapsou”, lamenta. “Filhos de político e outras pessoas que não tem nada a ver com o grupo prioritário.”

Segundo Jairo, é preciso respeitar os profissionais de saúde da linha de frente e os idosos em abrigo. Contudo, ele também gostaria que fossem incluídos os professores e coordenadores de Centro de Educação Infantil (CMEIs).

“Incluí-los daria oportunidade aos pais de baixa renda trabalhar, pois eles não têm onde deixar os filhos. Os filhos dos ricos já estão em escolas particulares. Os pobres também precisam”, faz o apelo.

Professor Jairo tem 65 anos; vai vacinar na segunda fase (Foto: Arquivo Pessoal)

Fases da vacinação

Na primeira fase da vacinação, recebem a imunização profissionais de saúde que atuam diretamente no tratamento da Covid-19, idosos que vivem em asilos e seus cuidadores e indígenas. Ainda na primeira, mas após estes, guardas municipais, agentes funerários, equipes da Fundação de Ação Social (FAS) e estudantes de cursos de Saúde que fazem estágio na área.

Na segunda, entram os idosos que não vivem em asilos (começando pelos com mais de 80, depois de 79 a 75; 74 a 70; 69 65; e 64 a 60), além dos presos e agentes carcerários. Na terceira é a vez das pessoas cujos problemas de saúde podem agravar o quadro da Covid-19 e os moradores de rua.

Já na quarta, trabalhadores dos serviços essenciais serão imunizados. Na quinta e última, os demais.

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