Coluna do João Bosco Bittencourt

Ipasgo vai realizar audiência pública na Alego sobre alteração de natureza jurídica

Instituto defende a tese de que mudança nas regras favorecerá usuários

Governo de Goiás suspende acordo de Ipasgo com escritório do presidente da OAB
Governo de Goiás suspende acordo de Ipasgo com escritório do presidente da OAB (Foto: Governo de Goiás)

O Ipasgo não quer deixar dúvidas sobre a mudança nas regras e vai tentar defender a narrativa do governo estadual sobre as alterações. Para contrapor ao discurso da oposição, patrocina, nesta segunda-feira, 10, às 15 horas, na Assembleia de Goiás, uma audiência pública sobre a proposta de modificação da personalidade jurídica da autarquia. Deputados estaduais, representantes da Procuradoria Geral do Estado de Goiás (PGE-GO), do Tribunal de Contas do Estado (TCE-GO) e do próprio instituto devem participar das deliberações.

A tese advogada pelo governo para tornar aceitável a alteração é que busca uma melhor solução administrativa para lidar com a separação dos recursos do Ipasgo da Receita Corrente Líquida (RCL) do governo de Goiás.

Toda a diretoria do Ipasgo estará presente na reunião, incluindo o presidente Vinícius Luz.

Segundo o instituto, a intenção é esclarecer dúvidas, contribuir com a proposta e também compartilhar alternativas sobre a questão. A reunião é aberta a usuários do Ipasgo, representantes sindicais e da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg). Na verdade, trata-se de mais uma tentativa para diminuir as resistências ao projeto.

A proposta do Ipasgo é transformar a autarquia em um Serviço Social Autônomo (SSA), tutelado pelo Governo de Goiás, mas regulado e fiscalizado pela Agência Nacional de Saúde (ANS). O projeto foi submetido à apreciação pública, por meio de consulta pública virtual no site do instituto. O governo assegura que, antes de a versão definitiva ser formalmente encaminhada para a Alego, serão incorporadas as sugestões colhidas ao longo da audiência pública, além das propostas recebidas por meio do site e das redes sociais do Ipasgo, de entidades que representam os servidores públicos e de manifestações realizadas durante as reuniões a respeito do assunto.

SSA
Se consumada a alteração de regime jurídico dentro da solução proposta pela instituição, o Ipasgo passa a ter autonomia financeira e administrativa; imunidade em relação aos impostos federais e municipais; isenção de tributos estaduais; maior participação dos servidores, que integrarão os conselhos de administração e fiscal; além de passar a ser regido pela legislação civil.

O governo argumenta que, para os quase 600 mil usuários atuais, um dos principais benefícios dessa mudança seria a ampliação do rol de serviços prestados. Com o ingresso na ANS, o Ipasgo passa a oferecer 879 procedimentos médicos que hoje não integram a tabela, bem como a outros oito atendimentos odontológicos, 1.758 medicamentos e 740 Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME), insumos utilizados em intervenções médicas, odontológicas, de reabilitação, diagnósticas ou terapêuticas.

O Ipasgo foi criado em 1962, no governo Mauro Borges. Hoje tem 596.054 usuários, 3.089 prestadores credenciados em todo o estado, 841 clínicas, hospitais e laboratórios, além de 161 convênios com prefeituras, câmaras, sindicatos, entre outros. O instituto tem orçamento de quase R$ 2 bilhões por ano oriundo de recursos privados dos servidores públicos.

Ao longo desta história, passou por várias crises, com atrasos no pagamento de médicos e hospitais, suspensões de atendimentos, sucessivos déficits e inflamados debates sobre valores cobrados dos servidores.

(Com informações do site da Alego)