INCLUSÃO

“Me ajudou a ser quem sou hoje”, diz administradora que estudou com pessoas sem deficiência na escola

Andréia da Silva Matos, 32 anos, nasceu com Atrofia Muscular Espinhal (AME), doença rara que…

"Me ajudou a ser quem sou hoje", diz administradora que estudou com pessoas não deficientes na escola - (Foto: Arquivo pessoal)

Andréia da Silva Matos, 32 anos, nasceu com Atrofia Muscular Espinhal (AME), doença rara que é passada de pais para filhos e que interfere na capacidade motora do corpo. Formada em administração, ela faz uso da cadeira de rodas para se locomover desde o período escolar. Hoje, Andréia está inserida no mercado de trabalho, e diz que se não fosse a convivência com pessoas não deficientes, não estaria incluída como está hoje na sociedade.

“Nasci com deficiência, e durante o meu período escolar foi tranquilo. Iniciei os estudos com seis anos. Sempre fui bem acolhida pelos colegas de sala que me ajudavam. Na época estar junto dos outros me ajudou a estar inserida”, afirma em entrevista ao Mais Goiás.

“A receptividade dos colegas foi a mesma”, conta Andréia

Estudante da rede pública, Andréia da Silva iniciou os estudos na terra natal, em Rondônia, onde fez até a 5ª série quando se mudou para a capital de Goiás e está em Goiânia há 20 anos.

A transição foi tranquila, não teve diferença. A receptividade dos colegas foi a mesma, sabemos que essa não é a realidade de muitos, mas sempre fui aceita onde estive”, conta.

Segundo Andréia, os colegas não deficientes a auxiliavam nas atividades, o que tornava a inclusão real na sala de aula. “A inclusão já começa na fase escolar, porque se não começar nesse período fica complicado no futuro. Se a criança naquele ambiente já convive com pessoas que tem deficiência, já cresce com a ideia de ajudar o próximo independente se é pessoa com deficiência ou não”, destaca a administradora .

“Com certeza me ajudou a ser quem sou hoje”

Na avaliação de Andréia, caso o ensino fosse feito de maneira separada, ou seja, dividindo quem tem deficiência de quem não tem, as consequências seriam notadas no futuro.

“Com certeza me ajudou a ser quem sou hoje. Se eu não tivesse convivido durante esse período todo de estudo com pessoas que não tinham deficiência, eu iria me fechar em um mundo sem contato com outras pessoas que não tem a deficiência. Por ter convivido isso facilitou para que eu viva como uma pessoa normal”, disse.

“Acredito que deve ser feito a inclusão e não a separação. Depois do período de escola me formei e conclui os estudos normalmente, sempre tive apoio dos colegas. A inclusão tem que continuar”, completou.

‘Atrapalham os demais’, diz ministro da Educação sobre alunos com deficiência

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que alunos com deficiência “atrapalham os demais”, que não estão nessa condição dentro de uma sala de aula. A declaração foi feita em entrevista ao programa Sem Censura, da TV Brasil, no dia 9 de agosto.

“O que é inclusivismo? A criança com deficiência é colocada dentro de uma sala de alunos sem deficiência. Ela não aprendia, ela ‘atrapalhava’ — entre aspas, essa palavra eu falo com muito cuidado – ela atrapalhava o aprendizado dos outros, porque a professora não tinha equipe, não tinha conhecimento para dar a ela, atenção especial”, declarou o ministro.

MEC  defende PNEE que separa alunos com deficiência

Após o ministro da Educação, Milton Ribeiro, afirmar que estudantes com deficiência não devem estudar na mesma sala que outros alunos, o Ministério da Educação (MEC) publicou, no último domingo (29), uma nota em defesa da nova Política Nacional de Educação Especial (PNEE), que institui que crianças com deficiência tenham aulas separadas de outros estudantes.

O MEC justifica que as regras estabelecidas pela nova PNEE, estipulada em outubro de 2020 em decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tem como objetivo aplicar um “atendimento adequado de uma minoria da minoria, além de afirmar que essa separação consiste em uma aplicação dos direitos adquiridos, e não de um retrocesso.