GASTOS EXCESSIVOS

MEC autoriza construção de 32 escolas em Goiás mesmo com 146 unidades com obras inacabadas

Ao invés de finalizar as 146 escolas com obras paralisadas ou inacabadas em Goiás, o…

Governo federal recua e MEC reduz corte de orçamento de universidades em 50%
Foto: Reprodução - Agência Brasil

Ao invés de finalizar as 146 escolas com obras paralisadas ou inacabadas em Goiás, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) autorizou a construção de 32 novas unidades de ensino e quadras cobertas no estado, em 2021. A entidade, que é ligada ao Ministério da Educação (MEC), empenhou somente 2,8% da verba destinada para essas novas obras, o que também os inviabiliza.

O valor total previsto para as novas construções em solo goiano é de R$ 139,1 milhões. Essa quantia seria suficiente para terminar 105 das 146 escolas com obras paradas no estado, segundo um cruzamento de dados feito pelo O Popular, com base no Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec), em que constam as obras paradas.

O assunto chegou ao conhecimento público através do jornal O Estado de S. Paulo, que publicou denúncias de um esquema de “escolas fake”, criado no FNDE para beneficiar parlamentares às vésperas das eleições. Conforme revelado, deputados e senadores conseguiram dinheiro eleitoral com anúncios de liberação de novas construções, ignorando as obras que estão paradas por falta de recursos para serem terminadas.

A número de escolas sem funcionamento, que poderiam ser terminadas com os recursos das novas obras anunciadas, representa 71,9% de todas as construções educacionais sem andamento. Algumas das unidades de ensino deveriam ter sido entregues em 2015.

O cálculo considera a diferença entre o valor total pactuado com o FNDE para as 146 obras paradas (R$ 277,5 milhões) e o que já foi pago para essas construções (R$ 94,2 milhões). Os valores das escolas, que tiveram convênios firmados entre 2007 e 2016, foram corrigidos pela inflação, de acordo com os diferentes períodos.

Apesar das liberações, dos R$ 139,1 milhões previstos para as novas obras, somente R$ 3,8 milhões tiveram empenho realizado. O empenho é a fase de execução do orçamento público que reserva o dinheiro para a realização do projeto pactuado, e que depois ainda precisa ser liquidado e pago.

26 das 32 obras com construção permitida não alcançaram sequer 10% de empenho. 13 delas têm 1% ou menos de dinheiro reservado para realização da obra. Nenhum centavo ainda foi liquidado e pago.