Óbito

Morre em Salvador gêmea siamesa que nasceu unida pelo tórax em Goiânia

Morreu na manhã desta terça-feira (6) a pequena Débora Menezes, uma das gêmeas siamesas que nasceram em…

Morreu na manhã desta terça-feira (6) a pequena Débora Menezes, uma das gêmeas siamesas que nasceram em Goiânia, ligadas pelo tórax. Ela estava internada na Maternidade Climério de Oliveira, em Salvador (BA). A menina sofria com problemas cardíacos e hidrocefalia. Débora já tinha enfrentado três cirurgias mas não resistiu às complicações no quadro de saúde. A separação das duas foi feita no Hospital Estadual Materno Infantil Dr. Jurandir do Nascimento (HMI), no dia 22 de agosto.

No último dia 19 de outubro, Débora passou pela implantação de uma válvula cardíaca para melhorar a frequência dos batimentos do coração e da respiração, além de ajudar na retirada da intubação endotraqueal, não precisando mais de aparelhos para respirar. Sua irmã, Catarina Menezes, continua internada na Maternidade Climério de Oliveira, e seu estado de saúde é bom.

Médico responsável

O cirurgião pediatra Zacharias Calil, responsável pela cirurgia de separação, lamentou o caso. “É muito triste. Praticamente todo dia eu conversava com a mãe das meninas, que me dava noticias sobre o estado de saúde delas”. O médico comenta que a situação de Débora sempre foi mais complicada que da irmã. “Ela passou por cirurgias neurológicas e cardíacas, onde o índice de óbitos é grande”.

Calil diz que sem sombra de duvida, a chance das duas morrerem eram altas. “As gêmeas vieram para o HMI pela gravidade da operação. A cirurgia tinha de ser feita de imediato,  para tentarmos salvar pelo menos uma. Garantimos uma sobrevida grande à Débora, e a Catarina está bem”.

Zacharias Calil e sua equipe (Foto: Divulgação)

Família

Em conversa com o Mais Goiás, Viviane de Menezes dos Santos, mãe das meninas, agradeceu pelo carinho. “Muito obrigado pelo carinho de todos, pelo amor, e principalmente pelas orações e pela torcida por minhas filhas. Agradeço a todos de Goiânia, em especial ao Materno Infantil, pois sempre nos trataram com muito carinho”.

Viviane disse não existir palavras para descrever a dor da perca. “É incomparável. Mas o senhor Jesus achou certo a Débora deveria voltar pra casa. A gente segue carregando a dor, mas também o que ela nos ensinou, a perseverança. E em relação à Catarina a alegria é imensa, continuamos a batalha”, conclui.

O pai das gêmeas, Marcos Andre, também agradeceu toda a força. “A todos que participaram direta ou indiretamente, que oraram, deram uma palavra. Independente da ajuda, muito obrigado”.

O caso

Reconhecido internacionalmente pelas cirurgias de separação de gêmeos siameses, o médico Zacharias Calil, teve o desafio de realizar o procedimento em crianças recém-nascidas pela primeira vez, no dia 22 de agosto no HMI. As irmãs nasceram com 37 semanas de gestação, pesando juntas 4.785 quilogramas. Uma equipe de 12 profissionais acompanhou o procedimento, que levou cerca de 4 horas no total.

Dias após a cirurgia, o estado de saúde de ambas era considerado grave. As irmãs seguiram internadas na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, respirando com a ajuda de aparelhos. No dia 15 de setembro, a gêmea Catarina foi transferida para uma maternidade em Salvador para que fosse feito o acompanhamento por uma equipe até a alta definitiva. Por possuir uma cardioplastia cianogênica, Débora continuou internada na UTI, respirando com ajuda de aparelhos, e no dia 16 de setembro também foi transferida para Salvador.

Sobre o óbito de Débora, o Materno Infantil divulgou uma nota.

O HMI lamenta o falecimento da gêmea siamesa Débora Menezes, nascida na unidade no dia 22 de agosto de 2018. Depois de vinte e três dias de cuidados intensivos por parte da equipe multiprofissional da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal do HMI, Débora foi transferida para Salvador (BA) – cidade de origem da mãe -, onde faleceu na última terça-feira (6 de novembro).