Possível envenenamento

Morte de sete cães encontrados nas ruas de Sanclerlândia será investigada pela Polícia Civil

Sete cães foram encontrados mortos nas ruas da cidade de Sanclerlândia, a 165 quilômetros da…

Sete cães foram encontrados mortos nas ruas da cidade de Sanclerlândia, a 165 quilômetros da capital, na madrugada de quarta-feira (27). Cinco dos corpos estavam na Praça Três Poderes, a principal do município; os outros dois foram localizados separadamente: um na região central e outro na saída para a cidade de Buritis de Goiás. De acordo com o motorista da coleta de lixo Júlio César Miranda, que ajudou a recolher os corpos na manhã daquele dia, os animais não apresentavam ferimentos, o que levanta a suspeita de envenenamento. A Polícia Civil investiga o caso.

“Encontramos o primeiro na saída da cidade, por volta das 7h30, depois coletamos os cinco corpos na praça e recolhemos um outro a três quarteirões desse último trecho. Não estavam machucados, apenas caídos. Devem ter morrido à noite ou na madrugada. O descarte foi feito no aterro sanitário da cidade”, revela ele.

O profissional de limpeza afirmou ainda que, após o ocorrido, o caso passou a ser comentado na cidade. “Ainda não sabemos o que aconteceu, mas o pessoal suspeita que alguém tenha envenenado os cachorros. Passei na praça nesta quinta-feira (28) e, inclusive, vi vários cartazes em protesto pelas mortes”. Veja fotos:

Cartaz 1 Foto: (Foto: divulgação/arquivo pessoal)
Cartaz 2 Foto: (Foto: divulgação/arquivo pessoal)

 

Pedido por justiça

Os cartazes, produzidos a mão e apregoados em postes, lojas e pontos de grande circulação de pessoas nas imediações referida praça, foram feitos pela comerciante e ativista animal Seila Martins de lima Bastos, 40. “Quem maltrata animal é porque não aprendeu a amar. Justiça pelos animais mortos em Sanclerlândia”, diz uma das peças.

Ativista cobra justiça pelas mortes e posicionamento da prefeitura sobre cães em situação de rua (Foto: divulgação/arquivo pessoal)

Conforme explica ela, que cuida de cerca de 30 cães em suas propriedades no município, sua iniciativa é alvo de críticas e de resistência por parte de moradores. Seila afirma, porém, que não leva mais animais para suas residências.

“Já são muitos. Tenho três imóveis e eles estão divididos nesses espaços. Muitas pessoas me olham de cara feia, mas eu amo o que eu faço. Como não tenho mais condições de abriga-los cuido com ração e água daqueles que vivem nas ruas. Dois do que eu cuidava a cerca de quatro anos agora estão mortos”.

“Unhas e dentes”

Ela se refere a Zé e Pretinha (fotos), cães sem raça definida que recebiam seus cuidados e que foram encontrados mortos na praça. Os cartazes, expõe, são um pedido por justiça. “Para mim, este foi um caso de envenenamento criminoso. E foi veneno forte, com certeza a intenção da pessoa era matar todos. Os que escaparam foi por sorte. Espero que a polícia investigue e que isso não fique sem punição, que a pessoa pague pelo crime”.

Pretinha Foto: Pretinha (Foto: divulgação/arquivo pessoal)
Foto: Zé (Foto: divulgação/arquivo pessoal)

Enquanto a polícia não identifica responsáveis pelo crime, Seila reforça que continuará oferecendo cuidados aos animais de rua. “Sou alvo de críticas e até de processos. Tudo o que acontece de ruim na cidade é atribuído aos meus cães. Mas as pessoas já estão se acostumando. Bato de frente, os defendo com unhas e dentes, mas a prefeitura também precisa tomar providências já cansei de pedir isso a eles”.

Investigação

Conforme apurou o Mais Goiás, a Polícia Civil tomou conhecimento do assunto por meio de uma denúncia anônima. O delegado titular de Anicuns e responsável por Sanclerlândia, David Felício, afirmou que poucas informações foram repassadas.

“Soubemos no fim da tarde de quarta. Não nos informaram a quantidade de animais e nem nos foi apontada a autoria do crime. Por isso, estamos realizando um levantamento para apurar tudo”.

Segundo ele, agentes irão ouvir guardas, comerciantes e moradores das regiões onde os corpos foram encontrados. O intuito é identificar uma linha investigativa prioritária. “Chegou a nós a informação de que as mortes vem ocorrendo de forma contínua, mas ainda não podemos determinar se o que houve foi envenenamento em massa”, afirma ele com cautela.

Procedimento

Procurado por este portal, o prefeito da cidade Itamar Leão (PSDB) afirmou que solicitou à Polícia Civil para que apurasse o caso. Sobre a grande quantidade de animais de rua em Sanclerlândia, o gestor afirmou que irá pedir auxílio ao Estado. “É deles a competência para mexer com isso aí. Então vamos pedir que a Vigilância Sanitária nos ajude com isso”.

Segundo assessor de promotoria do Ministério Público local, há um procedimento apuratório preliminar iniciado para avaliar a questão dos animais em situação de rua. É por meio dessa iniciativa que se pondera alternativas como estabelecimento de Termo de Ajuste de Conduta ou recomendação. Não havendo solução, pode-se promover até uma ação contra o poder público municipal. Porém, o Mais Goiás não conseguiu contato com o promotor Leonardo Seixlack Silva.