OPERAÇÃO VENDILHÕES

MP estuda data para ouvir Padre Robson sobre suspeita de corrupção

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) informou que ainda não tem data para ouvir o…

Ministro que sustou ação contra padre Robson apontou suspeita de ilegalidade das provas
Ministro que sustou ação contra padre Robson apontou suspeita de ilegalidade das provas

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) informou que ainda não tem data para ouvir o padre Robson de Oliveira, investigado na Operação Vendilhões por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em operações imobiliárias da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe). O promotor Sandro Halfeld Barros, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), declarou que é difícil estabelecer um prognóstico, uma vez a investigação é uma “teia”.

De acordo com o membro do MP-GO, cerca de dez pessoas passaram por oitivas nas últimas duas semanas. A Operação tem aproximadamente três semanas. “E uma pessoa te obriga a ouvir mais duas, às vezes precisa quebrar um sigilo, em razão de novas descobertas”, expandiu.

Vale destacar que, já há alguns dias, o advogado de Padre Robson, Pedro Paulo de Medeiros, tem pedido pelo chamamento do religioso. “O padre Robson é o maior interessado na verdade e na transparência. “A defesa aguarda e insiste com o Ministério Público para que ele seja ouvido, o que não aconteceu nem foi agendado até então”, informou por nota.

Justificativas

Pedro Paulo de Medeiros também justificou ao portal, em mais de uma ocasião, que “nenhum valor de fiéis foi desviado”. “Os negócios foram feitos para a Afipe gerar lucro e continuar fazendo o que ela faz: são compras e vendas de ativos para a evangelização.”

A promotora Fabiana Lemes Zamalloa do Prado, coordenadora da Área da atuação do Patrimônio Público e Terceiro Setor, que trata da área civil da investigação do MP, disse que caberá à Associação comprovar, por meio de prestação de contas, se a finalidade não foi desviada. “Houve situação de perda injustificada. Má gestão também será imputada. A prova contrária cabe a ela [à Afipe]”, destaca.

Vale lembrar, como um dos exemplos, que a associação teria adquirido a Fazenda Serenta e Monjolinho, da Agropecuária Nova e Eterna Aliança Ltda. por R$ 6,308 milhões em março de 2016. Três anos depois, a Afipe vendeu o imóvel para a Terra Nobre pelo mesmo valor.

“Como associação constituída para o interesse social, ela tem como missão cumprir essas finalidades sociais. São essas finalidades que justificam a intervenção do MP na fiscalização dos fins empregados aos recursos”, completa Fabiana. “No âmbito cível, se comprovado, é possível destituir a diretoria ou, em casos extremos, a associação.”

Investir pode

De volta do promotor Sandro, ele reforça que não há problema da Afipe investir. “Investimentos pode ser feitos. O que nós investigamos são [supostos] desvios de valores a pessoas ligadas ao padre Robson. Esses desvios não são investimentos. Existiram operações suspeitas para acobertar esses [supostos] desvios”, declarou.

Questionados sobre a origem do dinheiro, os promotores ressaltam que a Afipe tem permissão de receber de entidades públicas e privadas, além de populares. Com isso, a relevância da investigação se dá no emprego desses recursos, que devem observar o interesse social. “E no caso de entidades públicas, existe a defesa da rigidez da aplicação do recurso público”, explicou Fabiana.

Em relação a padre Robson ter usufruído particularmente de valores recebidos pela Associação, eles informam que, nada está no nome dele, portanto neste quesito não houve crime, até o momento. “Mas no âmbito cível, pode configurar desvio da finalidade estatutária, dependendo do uso particular”, finaliza a promotora Fabiana.

Operação Vendilhões

Destaca-se que a Operação Vendilhões investiga possíveis crimes de apropriação indébita, lavagem de capitais, organização criminosa, sonegação fiscal e falsidade ideológica praticados pelos dirigentes da Afipe (são três). O MP-GO apura desvios na ordem de R$ 120 milhões nas contas das associações.

O montante de repasses para as empresas de comunicação foram de R$ 456 milhões. Estes também são investigados, pois não teriam afinidade com o objetivo final da Afipe de evangelização.

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