DRAMA DOS TEMPORÁRIOS

“Não sei o que fazer”, diz gestante que teve contrato suspenso por Iris

A decisão do prefeito Iris Rezende (MDB) de suspender o contrato de 3,1 mil servidores…

A decisão do prefeito Iris Rezende (MDB) de suspender o contrato de 3,1 mil servidores temporários por tempo indeterminado, em função da pandemia, extrapola o debate sobre contas públicas e mexe na vida de famílias como a de Juliana Osório de Sousa, uma das servidoras que, a partir deste mês, não receberá salário. Juliana está grávida há seis meses. Ela espera a chegada de Lorenzo com apreensão de quem ainda não sabe como vai comprar o enxoval da criança e montar o quarto. O marido é dono de uma ferragista que está fechada. No momento, é o dinheiro dela que paga as contas de casa. 

Juliana conversou com o Mais Goiás na tarde desta terça-feira, menos de 24 horas antes de a Câmara Municipal de Goiânia começar a analisar a proposta de decreto legislativo que anula a ordem do prefeito de suspender os contratos temporários. Apreensiva, ela diz que “não tem a menor ideia” do que vai fazer caso os vereadores não tomem uma medida que favoreça o funcionalismo público. “Eu até hoje não procurei um advogado, não procurei o Ministério Público ou qualquer outro órgão. Simplesmente não sei o que fazer. Eu realmente preciso que a Camara Municipal ajude a gente agora”, afirma. 

A gravidez de Juliana apresentou complicações no início. Sangramentos a impediram de trabalhar no CMEI Beija-Flor 2, localizado no bairro São Carlos, por dias a fio. A última licença médica que a professora cumpriu extinguiu-se no dia 15 de março. Ela deveria voltar às atividades no dia 16, mas foi exatamente no dia 16 que o governador Ronaldo Caiado (DEM) publicou um decreto em que determinou a suspensão das aulas. “Hoje a minha gravidez está mais estável, mas ainda assim implica gastos. Com a gestação, eu e meu marido gastamos pelo menos R$ 250 a mais por mês. O salário da prefeitura era fundamental para cobrir isso”, afirma. 

O contrato de Juliana com a prefeitura venceria em agosto, mas o fato de ela estar grávida amplia os seus direitos. Se a pandemia do coronavírus não existisse, já estava combinado que ela assinaria a extensão do contrato com a Diretoria Administrativa Educacional (Diredu) da Secretaria de Educação até junho. Mas o cenário agora é outro. Juliana trabalha – ou trabalhava – na prefeitura à tarde. No período da manhã, é coordenadora de uma escola estadual. É com este ordenamento que ela, o marido, a filha de nove anos e o ainda não nascido Lorenzo terão de viver pelos próximos meses. Enquanto durar a quarentena.