Educação

No Dia Nacional do Livro, bibliotecas em Goiânia comemoram a data em meio ao descaso

Nesta segunda-feira (29) é comemorado o Dia Nacional do Livro e, apesar de muitas pessoas…

Nesta segunda-feira (29) é comemorado o Dia Nacional do Livro e, apesar de muitas pessoas acreditarem que, com a modernidade, ele se tornaria obsoleto, o livro continua muito atual, seja na versão digital ou física. Contudo, os espaços públicos que deveriam fomentar o acesso à leitura e ao estudo estão abandonados na capital. É por isso que o Mais Goiás começa, a partir de hoje, com uma série de reportagens sobre as bibliotecas da capital e a primeira delas é a Biblioteca Pública Municipal Marieta Telles Machado.

Localizada na Praça Universitária, a Marieta Telles Machado funciona desde 1942 como Biblioteca do Estado de Goiás, mas, em 1949, ela foi entregue à Prefeitura e se transformou em Biblioteca Municipal de Goiânia. Ela está num complexo esquecido pelo poder público, como já mostrado em reportagem sobre o abandono do 1º andar do espaço, o Palácio da Cultura, que foi drepredado por usuários de drogas.

Segundo a diretora da Biblioteca Marieta Telles Machado, Márcia Lourencetti, o local já foi alvo de vários assaltos. “Desde 2015, foram cerca de doze roubos, sendo o último em setembro”, contou. Desde então, o espaço conta com guardas municipais no período noturno.

(Foto: Juliana França/Mais Goiás)

Márcia explica que uma reforma no espaço é necessária para trocar as janelas quebradas e os reatores queimados. Segundo ela, a má iluminação prejudica os usuários. “O projeto vai reformar não só a biblioteca, mas toda a Praça universitária. Vai reformar a estrutura do prédio, a parte elétrica e a parte hidráulica, serão muitas melhorias para a biblioteca”, contou a diretora, que disse não ter informações sobre quando o projeto deve ser colocado em prática.

A diretora explicou também que o acervo da biblioteca não está atualizado. “A última compra foi em 2013, com o programa Municipal Livro de Baixo Custo, mas a gente recebe muitas doações de livros mais atualizados. São cerca de 29 mil títulos cadastrados, sendo que cada título contém entre dois a quatro exemplares”.

O novo projeto da biblioteca a transformará em um local de lazer, onde as pessoas podem pegar livros e encontrar amigos. “Na parte de baixo do prédio funciona a biblioteca e na parte de cima futuramente será uma sala de exposição, mas por enquanto, estamos aguardando o projeto de revitalização”.

Ela acredita que a reforma deve promover um espaço mais agradável ao público e com isso atrair mais pessoas. “Apesar dos problemas, nós estamos funcionando e atendendo todos que precisam. A biblioteca é para todos”, garantiu.

Por nota, a Prefeitura de Goiânia informou que a biblioteca será reformada junto com a revitalização da Praça Universitária. “A Prefeitura já tem o projeto pronto e aguarda a finalização dos projetos complementares para abrir licitação para as obras”, diz o texto. A previsão é de que até o final do ano o processo licitatório seja aberto.

(Foto: Juliana França/Mais Goiás)

Ponto de educação e cultura

Assim como os livros, as bibliotecas também são muito importantes para as pessoas que buscam conhecimento e informação. Mas, para Andréa Pereira dos Santos, professora do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), o que se percebe é um descaso com esses espaços. “Esse descaso é tanto com relação à estrutura física, por falta de reformas, tanto com relação ao acervo, por falta, muitas vezes, de investimento”, explicou a professora.

Outro ponto abordado pela professora é a sociabilidade que o espaço físico possibilita aos indivíduos. “As bibliotecas não são apenas um lugar de preservação de material, mas um espaço de encontro de culturas”, disse Andréa.

Para a professora, a biblioteca é também um espaço de formação e de produção de conhecimento. “O que se espera é que os estudantes aprendam a pesquisar e acessar as informações de forma ética. É importante que eles saibam interpretar essa informação e transformá-la em novos conhecimentos”.

*Juliana França é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo