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Número de casos de coronavírus em Aparecida de Goiânia pode ser 17 vezes maior, diz pesquisa

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pela prefeitura de Aparecida de…

Covid aumenta o risco de Alzheimer, Parkinson e AVC, diz novo estudo
Covid aumenta o risco de Alzheimer, Parkinson e AVC, diz novo estudo (Foto: Agência Brasil)

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e pela prefeitura de Aparecida de Goiânia mostrou que, para cada caso confirmado de coronavírus na cidade, outros 17 não foram notificados. Os resultados mostraram que o município pode ter até 2.380 casos da doença.

O levantamento foi realizado entre os dias 8 e 13 de maio e realizou testes rápidos em 1.208 domicílios, escolhidos de forma aleatória, em sete regiões do município. De todos os domicílios testados, foram detectados resultados positivos em cinco deles. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia, o estudo possuí um índice de 95% de confiança.

Em entrevista exclusiva para o Mais Goiás, o secretário de Saúde do município, Alessandro Magalhães, afirmou que o resultado da pesquisa condiz com outros estudos realizados e mostra que há muita subnotificação nos casos.

“Os números estão muito compatíveis com outros estudos realizados em outros locais do país, como o feito pela Universidade Federal de Minas Gerais e pela Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul. O que precisamos agora é ampliar a testagem. Hoje nós conseguimos fazer 300 testes por semana. A nossa meta é que se faça 300 por dia”, disse o secretário.

Testagem

Para atingir a meta de testagem, a prefeitura estuda outras formas de avaliar o contato das pessoas com o coronavírus. Hoje os testes são aplicados nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA), o que não é ideal para um atendimento em larga escala, de acordo com o secretário.

“As UPAs acabam tendo uma limitação”, disse Alessandro. “Precisamos tomar cuidados para não afetar pacientes que estão lá por outros motivos. Por isso estamos pensando em fazer uma estrutura fora delas para que a gente abra para a população essa oferta de exame. Até sexta-feira (22) devemos ter um modelo de ampliação deste teste”.

Medidas regionalizadas de isolamento

O secretário afirmou também que o estudo mostrou que a doença possui comportamentos diferentes em cada região da cidade. Por esse motivo, cada uma será tratada de forma diferente.

A região do Garavelo, por exemplo, apresentou uma maior prevalência. Lá, precisaremos fazer de forma diferente. Isso altera o nosso plano de isolamento social. Estamos estudando a possibilidade de fazermos um escalonamento do comércio, abrindo em dias alternados ou em horários diferentes, como é feito em Goiânia”, ressaltou.

Os resultados serão discutidos em um comitê criado pela prefeitura de Aparecida de Goiânia para que uma nova norma de isolamento seja feita.

Medidas a longo prazo

Outra questão apontada pela pesquisa é que as medidas de isolamento em na cidade podem ser mais longas do que o previsto. O estudo mostrou que 0,41% da população já teve contato com o coronavírus. De acordo com o instituto Butantan, a estimativa para a chamada imunidade de rebanho é entre 60 e 80%. Isso significa que quando essa quantidade de pessoas já tiver contraído a doença e adquirido imunidade, o vírus não circula mais e a doença desaparece.

Alessandro ressaltou que isso pode levar a cidade a ficar muito mais tempo com medidas de isolamento social, considerando casos mais graves de infecção estudados em outros países. “Um estudo feito na Espanha há cerca de cinco dias testou 60 mil pessoas. Mesmo com aquela quantidade enorme de casos, lá deu 5% da população”.

População mais consciente

Os domicílios testados também foram submetidos a um questionário. O objetivo foi avaliar o grau de conscientização da população com relação as medidas que devem ser tomadas para evitar a disseminação do vírus.

“A população entendeu a importância do uso da máscara, das medidas de higiene e da necessidade de distanciamento social”, disse o secretário. “Mas ela mostrou também que há comportamentos diferentes de uma região para outra. Por isso vamos elaborar um plano de comunicação que considere as diferentes regiões da cidade”.

O secretário ressaltou também a importância de combater informações falsas sobre a Covid-19, reforçando que as pessoas devem buscar fontes de informação confiáveis, como a imprensa e os órgãos oficiais de saúde. “Confie nas fontes de informações sérias. Não fique olhando fake news. Há muita contra-informação e isso atrapalha muito o trabalho”.

Aumento dos casos e ocupaçaõ dos leitos

De acordo com o secretário, Aparecida de Goiânia está com 50% dos leitos ocupados, considerando a rede pública e privada, além dos leitos pediátricos. Na estrutura destinada exclusivamente ao tratamento de Covid-19, o índice é de 16%. Os números mostram que ainda há capacidade no sistema de saúde, mas Alessandro ressalta que, se os casos aumentarem, as medidas de isolamento social devem endurecer.

“Se esse índice chegar a 70%, o isolamento vai ser ampliado. Em casos mais extremos, podemos chegar a um lockdown. Por isso, pedimos à população que siga as orientações sanitárias. Use máscaras, lave as mãos, evite aglomerações e pratique o distanciamento social. Se puder fique em casa”, concluiu.