Visibilidade e luta

Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ reúne cerca de 50 mil pessoas em Goiânia

Evento promove reflexão sobre a transfobia e oferece serviços de saúde e orientação jurídica

No domingo (25), cerca de 50 mil pessoas se reuniram em Goiânia para participar da 28ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+, celebrando o Dia Internacional da comunidade, que ocorrerá em 28 de junho. O tema escolhido para este ano foi “Transfobia mata!, Proteger e Respeitar”, em referência aos desafios enfrentados pela comunidade trans e a importância de promover o respeito à diversidade.

De acordo com um relatório recente divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil continua sendo o país que mais registra casos de assassinato de pessoas trans. Cristiany Beatriz, presidente da Associação Goiana de Pessoas Trans (Unitrans), ressaltou que a Parada foi uma oportunidade para refletir sobre esse cenário alarmante e convocar a sociedade à conscientização.

O evento, organizado por ONGs, contou com diversas atrações culturais, shows artísticos e serviços de saúde. Entre os serviços oferecidos estavam testes rápidos para doenças como sífilis e hepatite, além de vacinação contra influenza. A Defensoria Pública do Estado também marcou presença no evento, fornecendo informações sobre direitos e orientações para retificação de nomes.

O defensor público Filipe de Melo Brasil relatou que atendeu a muitas pessoas em busca de informações sobre direitos e, principalmente, sobre o processo de alteração de nome nos registros civis. Para garantir a segurança do local, aproximadamente 50 policiais militares estavam presentes durante a Parada.

A primeira Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ de Goiânia ocorreu em 1996, e desde então, o evento tem sido realizado anualmente. Ao longo desses 28 anos, algumas conquistas foram alcançadas pelo grupo, como o reconhecimento civil do casamento e a possibilidade de doação de sangue.

Arte para viver

Além das celebrações da Parada, a artista goiana Liz Faria tem desenvolvido um trabalho significativo em meio à luta e sobrevivência da comunidade LGBTQIAPN+ em Goiânia. Liz, uma mulher trans, tem utilizado a arte como forma de enfrentar as manifestações transfóbicas presentes nos muros da cidade. Ao encontrar cartazes com frases preconceituosas e ofensivas, ela solicita autorização para grafitar por cima desses cartazes, trazendo arte e transmitindo sua mensagem de resistência. 

“Sempre que encontro esses cartazes criminosos, solicito autorização para grafitar por cima dos cartazes e levar arte para as pessoas, os donos dos muros estão sempre autorizando e apoiando o meu trabalho”, explica Liz.

Para a artista, a expressão do seu trabalho por cima dos cartazes que pregam violência contra ela é uma forma de sobreviver e permanecer viva em uma vida marcada por luta e violência contra a sua existência.