Remédio falsificado

PC investiga segunda morte supostamente ligada às fraudes da Operação Metástase

A Polícia Civil investiga mais um caso de ex-paciente do Instituto Goiano de Oncologia e…

Surgem outras duas possíveis vítimas ligadas às fraudes da Operação Metástase
Ingoh

A Polícia Civil investiga mais um caso de ex-paciente do Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh) que teria morrido em função do suposto esquema de fraudes apurados pela Operação Metástase. De acordo com o que foi apurado, o hospital utilizou medicamento falsificado no tratamento de Oseas da Silveira Camacho, que tratava um câncer de pulmão.

De acordo com a corporação, um lote do medicamento Sutent, cuja venda foi vetada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março de 2018, teria sido adquirido pelo Ingoh e usado no tratamento de Oseas cerca de oito meses após a proibição. À época, a agência detectou que 11 lotes do remédio em questão haviam sido falsificados.

O caso, que até então era investigado pelo Grupo Especial de Combate à Corrupção (Geccor), passou para a Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH). O delegado Rilmo Braga Cruz Júnior informou que a PC recebeu informações sobre outros cinco casos que também podem estar relacionados à operação. “A investigação do caso de Oseas já foi iniciada. Nos outros cinco casos os familiares entraram em contato conosco, mas ainda não vieram até a delegacia”, disse o delegado.

Sobre o caso de Oseas, o delegado ouviu filhos da vítima, que disseram em depoimento que o uso do Sutent falsificado contribuiu para a morte dele. “Eles confirmaram o uso do remédio e apresentaram a documentação que supostamente prova a falsificação. Afirmaram, também, que esse fato acelerou a morte do pai”.

O delegado informou, ainda, que a investigação pretende ouvir outros familiares, bem como as pessoas responsáveis pelo tratamento. Entretanto, ainda não há previsão para que isso aconteça, em virtude da entrega de cargos dos delegados da Polícia Civil, que protestam contra a reforma da previdência.

“Os depoimentos estavam marcados para amanhã. Entretanto, com essa entrega de cargos, está tudo paralisado. Não temos previsão”, disse o delegado.

Resposta

Por meio de nota, o Diretor Técnico do Ingoh, Yuri Vasconcelos Pinheiro, comunicou que o tratamento realizado com o medicamento em questão foi iniciado em setembro de 2015, por uma indicação de uma empresa concorrente. Ainda de acordo com o diretor, essa empresa é denunciante no inquérito da Polícia Civil e do Ministério Público.

Yuri ressaltou também que o tratamento prosseguiu até meados de fevereiro de 2018, quando a medicação foi trocada. O texto ressalta ainda que o Ingoh manteve-se como local de tratamento de Oséas até novembro de 2018, mais de oito meses após ter recebido a notificação da Vigilância Sanitária, e um ano após a entrega pontual da medicação adulterada. Por fim, explica que o remédio em questão foi comprado por cotação eletrônica de uma distribuidora que apresentava regularidade de todas as suas certidões e alvarás de funcionamento.

Confira a nota na íntegra no final da matéria.

Operação Metástase

A PC deflagrou a operação no dia 12 de dezembro, com o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra 19 sócios e funcionários do Ingoh. Eles são suspeitos de integrar uma organização criminosa que atuaria junto com antigos servidores da cúpula do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo), os quais, segundo as investigações, desviaram aproximadamente R$ 50 milhões.

Além de apreensões de aeronaves, carros de luxo, dinheiro e até obras de artes, a Operação Metástase investigou a morte de Alexandre Francisco de Abreu, primeiro caso supostamente relacionado ao esquema. De acordo com o delegado Luiz Gonzaga Júnior, do idoso foi em janeiro de 2017 devido à aplicação de um medicamento que não era adequado para o tratamento.

Nota do Diretor Técnico do Ingoh, Yuri Vasconcelos Pinheiro

“O tratamento realizado com o medicamento Sunitinibe (Sutent), foi iniciado em setembro de 2015, por indicação de médico de uma empresa concorrente e denunciante no inquérito da Polícia Civil e no Ministério Público.

Este tratamento prosseguiu até meados de fevereiro de 2018, quando foi trocado por outro medicamento, antes, da notificação da Vigilância Sanitária Estadual, sobre uma falsificação detectada em vários lotes no decorrer de 2017.

Empenhamos nosso sistema de retrovigilância, e identificamos apenas uma caixa, do lote 189EE (e não o 191EE, mostrado em reportagem de outro veículo de comunicação, o qual nunca esteve no nosso estoque), que fora fornecida ao Sr Oséas em novembro de 2017, portanto, três meses antes da notificação recebida.

Vale ressaltar que quaisquer outras caixas do Sunitinibe, sejam as fornecidas ao Sr Oséas antes ou depois de novembro de 2017, assim como a quaisquer outros clientes/pacientes do INGOH, não se encontravam entre os vários lotes apontados pela Vigilância Sanitária.

Enfim, o INGOH manteve-se como local de tratamento do Sr. Oséas até novembro de 2018, mais de oito meses após ter recebido a notificação da Vigilância Sanitária, e um ano após a entrega pontual da medicação adulterada, comprada por cotação eletrônica, de distribuidora que apresentava regularidade de todas as suas certidões e alvarás de funcionamento.

Reiteramos que o INGOH mantém suas portas abertas para continuar colaborando com as investigações.

Atenciosamente,

Yuri Vasconcelos Pinheiro
Diretor Técnico – INGOH”

Com informações de G1.

*Matéria atualizada às 13h44 do dia 19 de dezembro para acréscimo da nota do Diretor Técnico do Ingoh, Yuri Vasconcelos Pinheiro.

**Matéria atualizada às 17h46 do dia 19 de dezembro para retificação da nota do Diretor Técnico do Ingoh, Yuri Vasconcelos Pinheiro.