Ciência

Pesquisa da UFG pode dar origem a novo medicamento para tuberculose

Pesquisa realizada por professores e estudantes do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP)…

Equipe de pesquisadores responsáveis pelo trabalho: André Kipnis, Ana Paula Junqueira Kipnis (professores), Rogério Coutinho das Neves, Camila Oliveira, Carine Castro e Neila Teixeira (Foto: UFG/ Divulgação)

Pesquisa realizada por professores e estudantes do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP) da Universidade Federal de Goiás (UFG) desenvolveu uma substância que pode ser utilizada no tratamento de tuberculose. O material está em fase de reconhecimento de patente e, posteriormente, pode ser testado em humanos.

De acordo com a coordenadora do projeto, Ana Paula Junqueira Kipnis, a descoberta partiu da solução para o problema do tratamento de tuberculose, sobretudo a resistente a tratamento multidroga.

A pesquisa teve início com a prospecção nas plantas e animais do Cerrado de propriedades que poderiam agir contra a doença. Os pesquisadores chegaram a usar diversas plantas que o conhecimento popular apontavam que poderia curar a doença. No entanto, foi através do veneno de vespas e escorpiões que os cientistas goianos chegaram até o peptídeo que fizesse efeito contra a tuberculose.

A doença

Conforme explica Ana Paula Kipnis, a tuberculose é tratada por meio da ação conjunta de quatro antibiótico durante quatro meses. Após esse período, o paciente passa a tomar dois antibióticos por mais dois meses. O que causa muitos efeitos colaterais. Caso o tratamento seja interrompido, pode ocasionar resistência da bactéria causadora da doença, tornando ainda mais difícil a cura.

Foi tentando achar uma nova substância que os pesquisadores da UFG chegaram até o peptídeo (proteína quebrada). Kipnis afirma que artrópodes não possuem um sistema imunológico, mas que utilizam do próprio veneno para combater possíveis infecções. Com isso, testaram os peptídeos antimicrobianos até chegar em um que tivesse o poder de agir contra a bactéria.

Após cinco anos de pesquisa chegaram a um resultado animador. A molécula não age como os antibióticos atuais que entram na bactéria para matá-la, mas age na barreira externa da bactéria, o que evitaria problemas de resistência ao medicamento.

“Não podemos patentear um produto natural, temos que fazer pequenas modificações para que não seja igual a natureza. Conseguimos a um modificação que funciona e que podemos reproduzir quimicamente sem coletar nos animais”, explica.

“A próxima etapa é conseguir a patente. A partir daí podemos chegar a testes em humanos, sobretudo naqueles multidroga resistentes”, diz.