Lavagem de dinheiro, furto e agiotagem

Policiais civis e atual servidor da Câmara de Deputados estão entre os presos da Operação Mercúrio

Policias civis, advogado e até um ex-delegado, que atualmente está lotado como servidor no gabinete…

39 mandados em 13 cidades goianas são cumpridos contra grupo criminoso que atua com agiotagem, lavagem de dinheiro e roubo de cargas. (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
39 mandados em 13 cidades goianas são cumpridos contra grupo criminoso que atua com agiotagem, lavagem de dinheiro e roubo de cargas. (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)

Policias civis, advogado e até um ex-delegado, que atualmente está lotado como servidor no gabinete do deputado federal Delegado Waldir (PSL), estão entre os presos na Operação Mercúrio, deflagrada na manhã desta quinta-feira (29). Segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), a operação foi deflagrada em dez estados brasileiros: Goiás,  Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Pará, Paraná, Mato Grosso, Tocantins e Pernambuco.

Em Goiás, foram 39 mandados – 17 de prisões preventivas e 22 temporária – em 13 cidades. São elas: Goiânia, Aparecida de Goiânia, Bela Vista de Goiás, Vianópolis, Anápolis, Trindade, Gouvelândia, Santa Helena, Itumbiara, Silvânia, Rio Verde, Inhumas e Quirinópolis. Em todo o país foram 94 mandados de prisão – sendo 45 preventivas e 49 temporárias -, e 110 de busca e apreensão

Segundo o promotor Daniel Martinez, do Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Uberlândia (MG), as investigações iniciaram no final de 2015. Daniel destaca que a organização tinha sede no município mineiro, mas tinha um forte núcleo atuante em Goiânia. Eles roubavam a mercadoria e ofereciam aos receptadores. Tendo o sinal positivo dos compradores, o grupo realizava a confecção de notas fiscais falsas em três empresas fantasmas localizada em Uberlândia. As notas, de acordo com o promotor, eram fiéis a original. Esta, por sua vez, era encaminhada como forma de apresentação dos produtos aos receptadores.

“Com isso, o grupo transitava livremente em todo o país. Passando principalmente em postos de fiscalização das receitas estaduais e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). No sistema dos comércios era possível até inserir as mercadorias de maneira lícita. Até mesmo com o lançamento de impostos, mas não era pago pelo estabelecimento”, pontua.

Ainda segundo promotor, o grupo tinha galpões alugados em Aparecida. Em uma dessas ações, um dos integrantes foi detido pela Polícia Militar (PM) no momento em que iria receber um determinado valor de uma empresa. Como forma de pagamento, ele receberia um Chevrolet Camaro, uma Dodge Journey e 30 cheques. Ele foi solto dias depois pelo Judiciário e retornou para a cidade mineira.

Daniel destaca que, a partir daí, foram identificados casos de corrupção por parte dos agentes de segurança. “Posteriormente, essa pessoa voltou [para Goiânia] e pagou R$ 100 mil para reaver todos os cheques e os dois carros restituídos. Foi verificado que os agentes da polícia que trabalharam no processo sequer listaram os valores dos cheques. Não há sequer um pedido de devolução dos carros”, afirma.

Na deflagração desta quinta-feira (29), dois policiais foram presos preventivamente e dois temporariamente. De acordo com a Polícia Civil (PC), na época do caso, eles estavam lotados na Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas (Decar). Em nota, a corporação afirmou que “que os fatos estão sendo também apurados pela Gerência de Correições e Disciplina da Polícia Civil, que apoiou a operação.”

O deputado Delegado Waldir também afirmou em nota que o ex-policial que estava em seu gabinete foi cedido em janeiro de 2016. Ainda de acordo com o texto, ele e atuava na elaboração de projetos de lei para o parlamentar. O parlamentar ressalta que, até a apuração dos fatos, o servidor será desligado do cargo. Veja a nota completa no final do texto.

Agiotagem e delação

Daniel lembrou que o os cheques adquiridos eram trocados por cerca de cinco agiotas que ficavam em Uberlândia. Segundo o promotor, as investigações apontam que eles usavam contas de laranjas para realizar a troca dos valores. Um dos policiais detidos colaborou com toda a ação e apresentou dados e provas que corroboraram com todo o esquema. A quadrilha teria dado um prejuízo de R$ 40 milhões, R$ 15 milhões apenas em notas fiscais falsificadas.

“Todo esse valor de prejuízo impacta nos sistema fiscal mineiro e goiano. Além disso, seguradoras dos veículos e até mesmo comerciantes que andavam dentro da legalidade pagavam o preço. Eles não conseguiam competir com esse mercado, já que a mercadoria era vendida em até 50% do preço de mercado”, ressalta.

Veja a nota completa do deputado Delegado Waldir

[olho author=”Deputado Delegado Waldir “]Na tarde de hoje (29), tomamos conhecimento da prisão temporária por cinco dias do ex-oficial da Policia Militar de Goiás e ex-delegado, José Maria
da Silva. A suposta conduta criminosa teria ocorrido quando ele exercia a função de delegado na Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Cargas – DECAR, no período de 6 de fevereiro de 2013 à 30 de janeiro de 2015.

Apenas um ano depois, em janeiro de 2016, ele foi cedido pelo governo do estado ao gabinete do deputado federal Delegado Waldir, onde atuava na elaboração de projetos de lei para o parlamentar. Comunicamos que até a apuração total dos fatos o servidor será desligado do cargo que ocupa na Câmara Federal. O Delegado Waldir é um dos parlamentares mais atuantes no combate ao crime. Ele lamenta o ocorrido, porém jamais irá compactuar com qualquer ato ilícito dos seus colaboradores.[/olho]