MORTE EM FAMÍLIA

Prima da terceira vítima do coronavírus em Goiás pede: “fiquem em casa”

A agente de trânsito Maria Cláudia de Miranda Silva é prima de Adelita Ribeiro da…

Prima da terceira vítima do coronavírus em Goiás pede: “fiquem em casa”

A agente de trânsito Maria Cláudia de Miranda Silva é prima de Adelita Ribeiro da Silva, técnica em enfermagem no Hospital do Coração do Setor Oeste, em Goiânia, e terceira vítima fatal do novo coronavírus (Covid-19) em Goiás. Ela revela que recebeu a notícia do óbito pelo vidro da unidade de saúde. Na manhã deste sábado (4), ela chegou a gravar um vídeo em que reforça a gravidade deste vírus e pede a todos que fiquem em casa.

No vídeo divulgado nas redes sociais por Cláudia, ela expõe que sua família perdeu uma pessoa querida por conta do Covid-19. “Não ache que esse vírus é brincadeira, pois hoje aconteceu com a minha família. Estou sem chão, pois achamos que isso nunca vai acontecer.”

Na filmagem, ela faz um apelo para que as pessoas fiquem em casa. “Se vocês podem, fiquem em casa. Eu sou do serviço essencial, por isso saio, tomando todos os cuidados. Mas se vocês podem, fiquem em casa.”

Caso

“Na madrugada deste sábado (4), segundo o médico, a pressão dela caiu e ela teve uma parada respiratória. Não conseguiram reanimar, pois o pulmão já tinha fechado.” De acordo Maria, a prima era uma pessoa saudável. “Atuava no Hospital do Coração e no Cais do Jardim Novo Mundo. Ela fazia o que amava”, relata com a voz embargada via telefone. Inclusive, é esse amor que ela tinha pela profissão e saber que ela cuidava de outros seres humanos, que dá algum conforto, relata a agente de trânsito.

Neste sábado, o Hospital do Coração emitiu uma nota técnica sobre o falecimento de Adelita. No texto, é informado que “ARS, 38 anos, profissional da área de saúde, sem comorbidades, foi admitida na UTI do Hospital do Coração de Goiás em 30/03/2020, com quadro de Síndrome Respiratória Aguda Grave – Covid-19 (positivo)”. Ainda conforme o texto, houve evolução com “quadro de Choque Séptico e Hipoxemia refratários às medidas clínicas, apresentando parada cardiorrespiratória, submetida às manobras de reanimação cardiopulmonar sem sucesso. Constado óbito às 7h35 de 04/04/2020”.

Maria Cláudia detalha, ainda, que a prima começou a sentir falta de ar na última segunda-feira (30). “Na quinta-feira (2) ela piorou e foi para a UTI, onde foi entubada. Na sexta-feira (3), os colegas disseram que a viram e que ela tentou conversar.” Segundo a agente de trânsito, parecia que ela iria melhorar. “As pessoas precisam se conscientizar da gravidade dessa doença. Tem gente fazendo festa dentro de apartamento, achando que está segura, mas não está”, reforçou mais uma vez a mensagem do vídeo.

Ela relata que os tios dela, pais de Adelita, estão em Goiânia desde a última semana. Agora, eles, que fazem parte do grupo de risco pela idade, estão sob monitoramento, pois tiveram contato com a filha. Eles são de Itapaci, mas só poderão retornar para lá na segunda-feira (6), após o fim do acompanhamento médico.

Enterro

O enterro, segundo Maria Cláudia, será em Goianápolis, onde vive a maioria dos familiares deles. Ela informa que o corpo não será velado e que a funerária pegará a profissional da saúde direto do hospital e a levará para o cemitério. “Não tem velório, não tem aglomeração, nem passa pela funerária”, resume. “Do hospital vai direto para o cemitério, pois as funerárias também têm medo.”

Para a agente de trânsito, o País não está pronto está preparado para esse problema. “Mesmo os médicos estão perdidos.” Ela afirma que não está havendo tempo hábil para relatar e divulgar todos os casos. Além disso, ela acredita que muitos infectados sequer fazem os exames.