SOB INVESTIGAÇÃO

Professor da comunidade Kalunga é agredido e baleado por aspirante da PM em Monte Alegre

Ozenildo Dias Soares, de 25 anos, professor da rede estadual que atende a comunidade quilombola…

Ozenildo Dias Soares, de 25 anos, professor da rede estadual que atende a comunidade quilombola Kalunga, no Nordeste de Goiás, foi agredido e baleado na noite desta terça-feira (1º) pelo aspirante da Polícia Militar Juan Matheus Quirino Nunes, no município de Monte Alegre. Ozenildo foi transferido para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).

No momento em que foi agredido, Ozenildo havia acabado de sair da casa de um colega, onde organizava diários de classe. De acordo com relatório da Polícia Civil de Campos Belos, que responde por Monte Alegre, momentos antes de provocar lesões no professor, o policial militar estava agredindo violentamente um menor negro identificado como R.F.R.

O documento da polícia narra que Ozenildo tentava passar de carro por um via que estava bloqueada. O carro à frente do seu era do policial, e estava com a porta aberta. Vestido à paisana, o policial então abordou o professor e obrigou a descer do carro. Ato contínuo, agrediu a vítima batendo a arma na cabeça dele.

Ozenildo se defendeu com uma garrafa e, como não sabia que o agressor era aspirante da PM, disse que iria chamar a polícia. Juan baleou o professor no braço e na cabeça – o tiro dado na cabeça pegou de raspão. Ferido, o professor correu até a igreja e conseguiu auxílio para ser levado até o hospital municipal de Monte Alegre. O policial perseguiu o professor até o hospital.

Veja vídeo:

O relatório da Polícia Civil informa que a corporação decidiu investigar melhor o ocorrido “após ouvir a enfermeira que disse que o aspirante teria entrado transtornado ameaçando matar a pessoa de Ozenildo Soares”. Câmeras de segurança mostraram que o professor e o menor falavam a verdade.

Ambos teriam sido agredidos sem motivos. O aspirante, segundo informações preliminares, teria participado de uma festa e estava sob efeito de álcool. A Polícia Civil imputou a Juan Matheus o delito de constrangimento ilegal majorado pelo uso de arma de fogo, fraude processual, coação e ameaça.

A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil – seccional Goiás (OAB-GO) vai acompanhar o caso.

Em nota, a Polícia Militar diz que o caso foi devidamente registrado no dia 1º de setembro e que as circunstâncias do fato, bem como as versões apresentadas no Boletim de Ocorrência, serão apuradas pela delegacia de Campos Belos, como também pela Corregedoria da Polícia Militar.