EM LIBERDADE

“Quem vai ficar presa é minha filha”, diz mãe de vítima de atirador 

Isabel Rosa, mãe da garota Isadora, que ficou paraplégica após ser alvejada pelo jovem J.C.M,…

Viatura policial e fachada do Colégio Goyases onde ocorreu atendado em Goiânia
Viatura policial e fachada do Colégio Goyases onde ocorreu atendado em Goiânia

Isabel Rosa, mãe da garota Isadora, que ficou paraplégica após ser alvejada pelo jovem J.C.M, em atentado ocorrido em 2017, no Colégio Goyases, no Conjunto Riviera, em Goiânia, se diz revoltada com a soltura do adolescente.

Ela diz que ele cumpriu pena de menos de três anos, o que deixa os familiares aflitos. O jovem foi liberado por determinação judicial na quinta-feira (14).

“Quem vai fica presa é minha filha”, disse em entrevista ao Mais Goiás na manhã desta sexta-feira (15). A filha, então com 14 anos, foi atingida por quatro disparos de J.C.M, dois deles nas costas, que provocaram lesão na medula espinhal, deixando a garota paraplégica.

“Minha filha está arrasada. Ela teve uma péssima noite, enquanto ele teve uma ótima noite. Ele cumpriu pena por menos de três anos. Não há justificativa para isso”, lamenta a mãe.

Isabel diz que ainda não buscou junto ao advogado revisão da decisão, mas estuda fazê-lo. “Ainda não tive acesso à decisão, mas além do protecionismo, deve ter relação com a pandemia. É muito triste nós e para as famílias que perderam os filhos”, aponta.

A soltura

O adolescente J.C.M que atirou contra colegas no atentado do Colégio Goyases estava internado no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Anápolis. Ele foi solto após decisão do Juizado de Infância e Juventude.

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Seds), responsável pela gestão da Case, onde o rapaz estava custodiado, confirmou a soltura, mas informou que não pode comentar sobre a decisão do Juizado de Infância e Juventude.

O processo corre em segredo de Justiça.

O atentado

J.C.M atirou contra os colegas do Colégio Goyases em outubro de 2017 com uma pistola Taurus de calibre .40. Os adolescentes João Pedro Calembo e João Vitor Gomes morreram e outros quatro jovens, Hyago Marques, Lara Fleury, Marcela Macedo e Isadora de Morais ficaram feridos.

Na ocasião, cogitou-se que a motivação para o crime teria sido bullying. No entanto, colegas não confirmavam que ele era alvo de chacotas, mas que apresentava comportamentos considerados estranhos e humor instável.

O inquérito policial apontou que o adolescente aparentava ter transtornos psicológicos e que apresentava traços de personalidade violenta, com apreço por temas de barbáries e massacres. No quarto dele, policiais encontraram desenhos relacionados ao nazismo. 

Ele disse ao policiais que se inspirou no massacre de Columbine, nos Estados Unidos, e de Realengo, no Rio de Janeiro, para cometer o crime. Na ocasião, coordenadora do colégio conseguiu convencer o rapaz a desistir de fazer mais vítimas. 

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê três anos como prazo máximo para medidas socioeducativas.