SUPERLOTAÇÃO

Santa Casa de Anápolis nega que bebê tenha morrido por superlotação na UTI

Instituição disse que todos os recém-nascidos do vídeo receberam assistência imediata e adequada

Um recém-nascido durante um momento de superlotação da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal da Santa Casa de Anápolis. Segundo o hospital, o bebê morreu porque era portador de cardiopatia congênita grave, e não pela falta de insumos ou assistência adequada da unidade.

Um funcionário do hospital filmou a situação na unidade. A coordenação da UTI neonatal da instituição informou que os três bebês prematuros que aparecem no vídeo nasceram na mesma hora e, por isso, houve falta de vagas na UTI naquele momento.

O vídeo também mostra que a unidade criou, dentro da UTI, cerca de quatro leitos extras para conseguir atender todos os bebês. De acordo com a Santa Casa, mesmo com a superlotação, os bebês que apareceram na gravação estão internados, estáveis e com um prognóstico positivo. A Instituição ainda afirmou que todos os recém-nascidos receberam assistência imediata e adequada.

De acordo com o hospital, a instituição está apenas mantendo os pacientes que já estão no local por falta de recursos. A Santa Casa, mantida pela Fundação de Assistência Social de Anápolis (FASA), disse que a unidade está funcionando com um déficit de R$ 1,5 milhões por mês.

Devido ao déficit, o Ministério Público disse que entrou com um processo contra a Prefeitura de Anápolis e o Governo de Goiás para que os órgãos ajudem a custear os recursos, que atualmente é mantido apenas pelo Governo Federal.

A Santa Casa possui convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) e o financiamento é composto 50% por parte da União, 25% por parte do Estado de Goiás e 25% por parte do município. Mas, segundo o hospital, a parte que deveria vir do município não está sendo enviada.

Em nota, o hospital disse que desde junho de 2022 tem alertado os gestores do Estado e do Município sobre o risco real de um limite operacional devido ao atraso no pagamento dos plantões médico e que não conseguirão manter o serviço da UTI pediátrica na realidade atual. A Santa Casa também disse que insiste em um diálogo com os gestores do Estado e Município para buscar uma solução.

Veja abaixo a nota na íntegra:

“A Santa Casa de Misericórdia de Anápolis é uma prestadora de serviços conveniada com o SUS, que sempre apoiou o gestor público local no cumprimento do seu dever de oferecer assistência à saúde da população.

Para manutenção dos serviços SUS, ela conta apenas com recursos financeiros da União, do Estado, de serviços particulares e de doações, sendo estes insuficientes para a cobertura integral dos custos da assistência SUS, comprometendo o atendimento aos pacientes, a aquisição de insumos e o pagamento de profissionais.

Desde junho de 2022, temos alertado os gestores do Estado e do Município sobre o risco real de um limite operacional com suspensão de serviços essenciais, em consequência do fato do valor pago pelo SUS ser insuficiente para a manutenção e continuidade dos serviços.

O histórico de subfinanciamento provocou o recorrente atraso no pagamento dos plantões médicos, causando com isso a inviabilidade da cobertura médica de novos plantões. Recentemente, fomos notificados pela equipe médica da UTI Pediátrica de que não conseguirão manter o serviço na realidade atual, podendo suspender a cobertura médica na referida UTI a qualquer momento.

Considerando que tal contexto representa grave risco assistencial, com impacto imediato na admissão de novos pacientes, notificamos o gestor municipal do risco iminente da suspensão da assistência nesse, e em outros serviços que estão em situação semelhante, como UTI Adulto e Emergência Obstétrica e Oncológica.

A Santa Casa tem buscado de forma insistente o diálogo com os gestores do Estado e Município na busca de soluções objetivas para evitar a paralisação desses serviços essenciais à população, porém até o momento, sem resolução.”