VOLTA

Sociedade Goiana de Pediatria defende volta das aulas presenciais

Depois de o governador Ronaldo Caiado (DEM) reafirmar que as aulas presenciais só devem voltar…

Sociedade Goiana de Pediatria quer que se considere aulas presenciais
Sociedade Goiana de Pediatria quer que se considere aulas presenciais

Depois de o governador Ronaldo Caiado (DEM) reafirmar que as aulas presenciais só devem voltar quando houver a vacina para o novo coronavírus (Covid-19), a Sociedade Goiana de Pediatria (SGP) recomendou, por meio de nota, que o retorno das aulas presenciais nas redes pública e privada de ensino seja “urgentemente” considerado. Segundo a SGP, o índice de contaminação nas crianças é pequeno.

“A comunidade científica mundial tem apresentado dados convincentes que apontam a menor suscetibilidade das crianças à infecção pela covid-19. Ao todo, apenas 2% dos casos de coronavírus no mundo foram diagnosticados em crianças. Como base de comparação, os sintomas da covid-19 em pacientes pediátricos são mais brandos do que os quadros de infecção pelo vírus influenza.”

As aulas presenciais, vale destacar, foram suspensas em março, no começo da pandemia. Para a SGP, essa estratégia adotada para conter a transmissão do novo vírus cumpriu o seu papel. Porém, a sociedade avalia que é necessário um plano que vislumbre a retomada presencial das aulas. “Em muitas nações, com protocolos validados pelas entidades competentes, as aulas presenciais já voltaram a ser realidade”, comparam.

Infectologista

O infectologista Boaventura Braz, que teve acesso a nota, disse ser importante haver um posicionamento por parte da SGP. Ele, inclusive, defende que a Sociedade de Infectologia também emita um.

Mas mesmo entendendo que há prejuízos do ponto de vista educacional com a suspensão das aulas e de outros aspectos que envolvem a logística das famílias, ele pontua que a situação do Estado não é favorável a este retorno. “Precisa ser analisado do ponto de vista dos nossos gestores para não colocar em risco as crianças e os idosos que com elas convive. Não é simples matemática, é uma questão mais complexa.”

De acordo com ele, para tomar uma posição de retorno é preciso a segurança de um índice de contaminação baixo para não haver risco de aumento na disseminação. “Se não houver protocolo rigoroso e taxa reduzida vai ter problema sim. A Coreia do Sul, com uma estrutura maior do que a nossa, teve problemas”, lembrou.

Mãe

A designer de interiores Rebeca Ferro tem uma filha de 7 anos que estuda em escola particular. Em 2020 ela nem cogita que a criança retorne às aulas presenciais. “O ano já praticamente acabou.”

Segundo ela, mesmo no ano que vem ela ficaria receosa. “Penso em esperar a vacina sair.” Ela justifica que as crianças não têm noção de higiene. “Põe a mão no rosto a todo momento, pegam a máscara do coleguinha… É muito difícil.”

Desta forma, mesmo no ano que vem, ela ainda tem dúvidas, caso ainda não haja a vacina. “Não sei se teria coragem. Só se o protocolo fosse bem rigoroso”, concluiu.

Confira a nota da SGP na íntegra:

Com as aulas suspensas em Goiás desde março de 2020, em virtude da pandemia do novo coronavírus, a SGP (Sociedade Goiana de Pediatria), entidade que representa cientificamente os médicos pediatras de Goiás, recomenda que o retorno das aulas presenciais nas redes pública e privada de ensino seja urgentemente considerado.

A comunidade científica mundial tem apresentado dados convincentes que apontam a menor suscetibilidade das crianças à infecção pela covid-19. Ao todo, apenas 2% dos casos de coronavírus no mundo foram diagnosticados em crianças. Como base de comparação, os sintomas da covid-19 em pacientes pediátricos são mais brandos do que os quadros de infecção pelo vírus influenza.

A suspensão das aulas foi uma das estratégias adotadas para conter a transmissão do novo vírus. E ela cumpriu o seu papel. Mas agora é necessário traçar um plano que vislumbre a retomada presencial das aulas. Em muitas nações, com protocolos validados pelas entidades competentes, as aulas presenciais já voltaram a ser realidade.

Pensando no aspecto comportamental, a SGP compreende que a escola assume papel fundamental no desenvolvimento pleno das crianças e adolescentes, como ambiente propício para a interação social e para aquisição de habilidades cognitivas. Adicionado a esses fatores, o ambiente escolar para muitos é o local de alimentação e acolhimento, onde as crianças são protegidas da violência e da negligência – fatores que são capazes de gerar danos irreversíveis à arquitetura cerebral e comprometer o desempenho futuro do indivíduo.

A SGP vai apresentar nos próximos dias documentos técnicos que pontuam os fatores relacionados ao desenvolvimento e comportamento infantil, bem como orientações de infectologistas que poderão nortear o retorno mais seguro das crianças e adolescentes às aulas presenciais.”