NEGACIONISMO

“Sou bem informado”, diz um dos milhares de não vacinados contra covid em Goiás

O idoso diz que não tem intenção de se vacinar e que a ivermectina, fármaco sem eficácia contra o coronavírus, seria "mais eficaz que a vaci

O idoso diz que não vai se vacinar e que a ivermectina, fármaco sem eficácia contra o coronavírus, seria "mais eficaz que a vacina" (Foto: Jucimar Sousa - Mais Goiás)

Cerca de 150 mil pessoas com 18 anos ou mais em Goiânia não tomaram a primeira dose e nem a dose única da vacina contra Covid-19, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Em Goiás, os não vacinados beiram os 200 mil. Entre eles está o lanterneiro Paulo Barbosa, de 63 anos. O idoso diz que não pretende se vacinar por “ser bem informado” e que a ivermectina, fármaco sem eficácia comprovada contra o coronavírus, seria “mais eficaz que a vacina”.

Paulo é de Goiânia, mas vive em Goianira, Região Metropolitana. Ao Mais Goiás, ele afirma que lê muito a respeito da Covid-19 e dos imunizantes disponíveis contra a doença. Questionado sobre onde costuma se informar sobre o assunto, se em jornais, revistas ou sites, o homem diz que costuma ler nas redes sociais.

De acordo com Paulo, que afirma já ter tido Covid-19, a decisão de não se vacinar veio do fato de ele ser “bem informado”. “Quem está bem informado não toma essa vacina”, afirma. O idoso alega que as pessoas que se vacinaram com a primeira e segunda dose não se informam e “estão morrendo de Covid-19”, e que o antiparasitário ivermectina teria “95% de eficácia comprovada contra a Covid-19”.

93% dos óbitos por complicações de Covid-19 são de pessoas não vacinadas em Aparecida de Goiânia (Foto: Enio Medeiros – Divulgação)

Porém, Paulo admite que vários membros de sua família decidiram se vacinar, situação que ele não contesta. “Toma a vacina quem quiser, eu não tomei e nem pretendo tomar. Na minha família tem alguns que tomaram, eu não forço ninguém [a não se vacinar]”, conclui.

Vacinação contra Covid-19 reduziu número de mortes, apontam dados

Levantamentos já comprovam uma ligação direta da vacinação contra a Covid-19 com a queda no número de mortes pela doença no Brasil. Pesquisa da Universidade de Oxford, no Reino Unido, por exemplo, apontou que os óbitos causados pela doença no Brasil caíram 77% de junho até agora – quando houve avanço no ritmo da imunização.

Já os dados da Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia (SMS) apontam que 93% dos óbitos causados por complicações de Covid-19 na cidade são de pessoas não vacinadas. Segundo o levantamento da pasta, de 1º de fevereiro a 25 de agosto de 2021, a cidade registrou 945 óbitos causados pela doença do coronavírus.

Do total de mortes registradas em Aparecida no período analisado, 876 foram entre moradores que não tinham completado o esquema vacinal há mais de 14 dias, prazo previsto para o desenvolvimento da imunidade contra a doença.

Em Goiás, 7,4 milhões de doses já foram aplicadas. O percentual de vacinados com pelo menos a primeira dose (referente a pessoas com mais de 15 anos) é de 84,9%.

Ivermectina é para gado e não deve ser usada contra a Covid, diz agência dos EUA (Foto: reprodução)

Quanto à ivermectina, não existem, até agora, evidências sólidas de que comprimidos do vermífugo são antivirais, ou seja, têm capacidade de combater vírus (como o coronavírus). A fabricante do medicamento, a farmacêutica norte-americana Merck Sharp and Dohme (MSD), chegou a divulgar um comunicado afirmando que não há base científica que indique efeitos terapêuticos contra a Covid-19.

Já a FDA – Agência Americana de Alimentos e Medicamentos (Food and Drug Administration) – também declarou que não autorizou ou aprovou o uso da ivermectina na prevenção ou tratamento da Covid-19 em humanos ou animais, uma vez que o fármaco serve somente para “tratamento de infecções causadas por alguns vermes parasitas e piolhos além de doenças de pele como a rosácea”.