Saúde mental

Brasil lidera ranking de depressão e suicídio na América Latina

O Brasil está em primeiro lugar no ranking latino-americano da depressão e em quinta posição…

O Brasil está em primeiro lugar no ranking latino-americano da depressão e em quinta posição no mundial. Os dados são da Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Brasil, a saúde mental está muito negligenciada e os números de suicídios tendem a aumentar proporcionalmente às taxas de doenças mentais, como ansiedade e depressão. Segundo dados da OMS, a cada 45 minutos há um suicídio no Brasil, ou seja, 32 pessoas de suicidam por dia no país. Ainda segundo os dados da OMS, a cada 40 segundos há um suicídio no mundo e que a cada 3 segundos há uma tentativa de suicídio.

A maioria das tentativas de suicídio são de pessoas do sexo feminino. Em contrapartida, o maior número de mortes por suicídio são de pessoas do sexo masculino. A justificativa é de que as mulheres tentam tirar a própria vida, mas não chegam ao ato final, diferente dos homens. Além disso, nos últimos 50 anos, o número de jovens que se suicidam aumentou em 50% no mundo. Entretanto, o suicídio pode acontecer em qualquer idade, inclusive com crianças.

Setembro Amarelo

É por conta disso que surgiu o Setembro Amarelo, uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, com o objetivo de alertar a população a respeito da realidade do suicídio no Brasil e no mundo, bem como as formas de prevenção. Segundo Messias de Jesus, coordenador da Campanha Setembro Amarelo do Centro de Valorização da Vida (CVV), o objetivo é quebrar o tabu da nossa sociedade de falar sobre suicídio.

O CVV realiza a Campanha Setembro Amarelo desde 2015 por meio de identificação de locais públicos e particulares com a cor amarela, além de ampla divulgação de informações. O tema da campanha é ‘Falar é a melhor solução’. Neste mês de setembro já foram realizados palestras, caminhadas e pedaladas em Goiânia com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para o assunto, mostrando que a melhor é opção é não se calar.

O suicídio afeta pessoas que não conseguem lidar com as dificuldades e desafios da vida. E já se tornou um problema de saúde pública não só no Brasil, mas no mundo. “Por isso nós precisamos falar sobre saúde mental”, salienta.

Segundo a psicóloga, Luíza Colman, campanhas sobre saúde mental, como Setembro Amarelo e Janeiro Branco, são extremamente recentes e muito importantes. Ela explica que esse é um tema muito difícil de ser falado. “Tudo que envolve morte ou possibilidade de morte causa angústia e ansiedade. As pessoas não querem falar sobre isso”.

Mitos

Luíza afirma ainda que falar sobre suicídio não faz com que as pessoas queiram se matar. “A campanha vem justamente para mostrar que as pessoas precisam falar sobre esse assunto”, destaca. Outro mito sobre o tema é de que as pessoas fazem isso para chamar atenção.

A psicóloga explica que normalmente é possível perceber os sinais das pessoas que pensam em tirar a própria vida. “Elas verbalizam que estão cansadas de tudo, que querem sumir e até que gostariam de morrer”. Outro sinal é o isolamento social. “O indivíduo não quer mais companhia, evita sair de casa e, em alguns casos, até começa a se despedir de familiares e amigos”.

Uma pessoa que já tentou o suicídio, tem uma maior possibilidade de tentar outra vez. Portanto, devem ser observados constantemente. Em casos extremos, é necessário internação. Para tratar esse tipo de problema, o paciente deve ser encaminhado para um profissional de saúde mental. “O tratamento psicológico tem como meta entender os motivos que levaram essa pessoa a perder o sentido da vida e ajudá-la a super isso”, explica a psicóloga.

Luíza recomenda que familiares e amigos fiquem atentos, observem e escutem de forma acolhedora “e não de forma julgadora como acontece frequentemente”. Logo, campanhas como o Setembro Amarelo, que dão visibilidade aos problemas de saúde mental, precisam de apoio. Afinal a prevenção é uma opção melhor que o tratamento.

CVV

Indivíduos com o psicológico abalado, que já tentaram tirar a própria vida, precisam de pessoas que as ouvem com atenção e sem julgamento. “Quando a pessoa tem com quem conversar ela melhora consideravelmente, na medida em que coloca para fora os sentimentos ruins”, afirma Messias.

É justamente esse o trabalho desenvolvido pelo CVV. “Hoje em dia as pessoas não têm tempo para dar atenção ao próximo e é por isso que nós estamos aqui”, frisa o coordenador. O projeto realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat durante 24 horas todos os dias.

Em Goiânia, o CVV funciona há quase 40 anos e é mantido pela associação filantrópica Vida Associação Humanitária. Para realizar o serviço de apoio emocional,.o CVV conta com o apoio e doação dos próprios voluntários. Atualmente, a unidade conta apenas com 44 voluntários. “Nós precisamos de voluntários”, salienta o coordenador da Campanha.

Polêmica

O suicídio virou discussão mundial após a série original da Netflix, 13 Reasons Why, ser lançada em março deste ano. O seriado abordou o suicídio de uma adolescente norte-americana e gerou muita polêmica nas redes sociais. Segundo a psicóloga, as cenas de suicídio foram muito fortes. “Falar sobre suicídio não aumenta os números de suicídio, entretanto ver cenas de suicídio faz com que as taxas aumentem”, afirma.

Na opinião de Luíza, a série foi positiva no sentido de dar visibilidade ao assunto. Entretanto, deveria ter sido melhor assessorada para não provocar futuros suicídios.

*Juliana França é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo