INJUSTIÇA?

Terreiro em Aparecida alega perseguição religiosa após receber ordem de despejo

Além da ordem de despejo, religiosos destacam diversas ocorrências por pertubação ao sossego infundadas

Ocorrências infundadas tem sido recorrentes no local. A última ocorreu neste sábado (16) (Foto: Divulgação)

As terças e às sextas-feiras, mais de noventa pessoas se reúnem em busca de louvar ao sagrado e rezar em busca de alegria e paz espiritual no Terreiro Luz de Nzambi, na Cidade Satélite São Luiz, em Aparecida de Goiânia, explica o sacerdote Pablo Roberto, ao Mais Goiás. As preces, contudo, estão ameaçadas diante de uma série de denúncias infundadas que levaram até mesmo a imobiliária onde a residência é alugada a emitir uma ordem de despejo, sem justificativa prévia e com contrato recém-renovado.

Há um ano e três meses no local, Paulo explica que o clima dos encontros varia, mas costuma ser alegre. “A reunião consiste em fazer uma roda – os membros da casa- e feito três rezas litúrgicas, damos aberturas aos trabalhos. O local em si, remete ao que era usado há 40 anos: um terreiro de terra batida coberto por uma tenda”, destacou ao Mais Goiás.

Há três meses aproximadamente, o contrato foi renovado por mais um ano. “Temos nove meses pela frente e a tendência era de renovar mais uma vez”, explica. “Mas na sexta-feira retrasada recebemos um aviso de despejo. Sem que houvesse alguma justificativa plausível, disseram que nós não demonstramos interesse em executar a renovação. Não só tivemos interesse como toda a documentação de renovação”, destacou.

O sacerdote acredita que há indicativos de perseguição por trás do comunicado. Ele relata que uma vizinha chegou a mover um abaixo-assinado solicitando a retirada do Terreiro do local onde hoje está instalado. “A gente até tenta o diálogo mas ela sempre se esquiva. Ficamos sabendo pelos próprios vizinhos sobre os atos dela contra a gente”, explica.

Ele relata também abusos de uma igreja petencostal que está “literalmente” em frente ao terreiro. “Sempre viravam as caixas em direção a nossa casa desferindo expressões ofensivas. De um tempo pra cá, baixaram o nível e disparam coisas pesadas como “Quebrar a bruxaria”, “Que deus traga o fogo para purificar essa corja”, “Que é pra queimar o terreiro”, exemplifica.

Ele não acusa, mas acredita ser a partir da vizinha denúncias feitas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente por perturbação ao sossego e até ao Conselho Tutelar. Sempre acompanhadas pela Polícia Militar, as ocorrências provocam constrangimento aos fiéis. “Foram pelo menos sete abordagens em pouco tempo”, salienta.

A última ocorreu neste sábado (16/09). “Ontem nem tínhamos barulho. Não tínhamos nada. Estávamos organizando um brechó para que conseguíssemos sobreviver. Não temos paz nem no silêncio”, desabafou Pablo. Ele não vê outra alternativa senão que há perseguição em torno dos atos.

“Não fazemos grandes barulhos após as 22h. 22h30 no máximo, os trabalhos são encerrados”, pondera ao justificar que não há motivos para caracterizar eventuais perturbações de sossego. “Há outros estabelecimentos na região como um bar que fica com som alto pela madrugada adentro e não sofrem nada”, desabafou.

Diante da repercussão do assunto, Pablo explica que os advogados já entraram em contato de forma espontânea para ajudá-los a fazer valer o contrato que estabeleceram há três meses. “Para além de todo o constrangimento, fizemos inúmeras melhorias no local que estava inabitável antes de o assumirmos. Muita gente já tem nos ajudado apontando alternativas”, destacou.