Folclore

Tradição da Catira é mantida longe do centro histórico da Cidade de Goiás

Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás (UFG) concluiu que a Catira, a dança do folclore brasileiro…

Um estudo desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás (UFG) concluiu que a Catira, a dança do folclore brasileiro que compõe parte do festejo da Folia de Reis, é mantida longe do centro histórico da Cidade de Goiás. O município, que tem tradição na prática, não a incluiu em seu circuito oficial de eventos turísticos.

De acordo com o estudo, tanto a Catira quanto a Folia de Reis são manifestações da cultura popular que ocorrem fora do âmbito da área tombada como Patrimônio Histórico da Humanidade, na Cidade de Goiás. Uma das professoras que conduziu a pesquisa, Juliana Marra, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (Cepae) da UFG, explica que desenvolveu seu trabalho junto à Companhia de Reis da Bandeira Vermelha.

Este grupo realiza a Folia de Reis e, durante o festejo, apresentações de Catira são feitas por seus membros, que são integrantes da comunidade. “Apesar do forte caráter turístico da Cidade de Goiás, há pouca visibilidade para a tradição dos catireiros. Na tese eu mostro o folhetim que é distribuído para os turistas, com as principais atar ações culturais do município, mas não há menção à Folia de Reis ou à Catira”, argumenta.

A professora conta também, que a maior parte das apresentações desse grupo acontece na periferia da cidade, ou seja, longe do Centro Histórico, que é tombado como Patrimônio Histórico da Humanidade. Juliana explica que a tradição só se manteve na comunidade graças à própria comunidade.

A professora da Faculdade de Ciências Sociais da UFG e orientadora da pesquisa, Izabela Tamaso, levanta a reflexão sobre a forma como o patrimônio é utilizado para construir a identidade de uma sociedade. A docente esclarece que a Cidade de Goiás se tornou um patrimônio devido aos seus prédios e construções históricas, mas o patrimônio imaterial, formado por manifestações folclóricas como a catira e Folia de Reis, acaba sendo esquecido.

De acordo com Juliana, é por meio da performance que são repassados os conhecimentos acerca da dança para as novas gerações. A pesquisadora explica que outros dois grupos pesquisados no município de Itaguari, Irmãos Oliveira e Orgulho Caipira, mostram que a prática é majoritariamente masculina, mas que as mulheres estão sendo inseridas. “A dança resiste pela própria sociabilidade e também pela inovação das tradições”, pontua.