INOVAÇÃO

UFG e startup usarão fungos para controle de pragas em Goiás

UFG e startup TEIA Bioprodutos unem forças para desenvolver produto inovador de controle de estratégia

Fungos que serão utilizados na iniciativa foram catalogados pela UFG (Foto: Divulgação / UFG)
Fungos que serão utilizados na iniciativa foram catalogados pela UFG (Foto: Divulgação / UFG)

A Universidade Federal de Goiás (UFG) e a startup TEIA Bioprodutos, incubada no Parque Tecnológico Samambaia (PTS/UFG), firmaram um acordo para o desenvolvimento de um novo produto para controle biológico de pragas. A ação, que envolve cerca de um ano de pesquisa, será desencadeada para restringir a reprodução a demografia de cigarrinhas-das-pastagens. 

Segundo publicação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a atividade desses insetos promove redução drástica da disponibilidade e qualidade de gramíneas forrageiras, o que, como consequência, culmina na diminuição da capacidade de suporte das pastagens. “Milhões de hectares estabelecidos com várias cultivares do gênero Brachiaria têm sofrido sensíveis perdas ocasionadas por esse grupo de insetos”, exemplifica o texto.

Portanto, a colaboração visa desenvolver um produto de controle biológico das cigarrinhas-das-pastagens, praga que afeta gramados, capins, relvas e diversas culturas, incluindo milho, arroz e cana-de-açúcar.

O acordo envolve a transferência de tecnologia não patenteada de cinco linhagens de fungos do gênero Metarhizium, catalogados e modificados pela UFG. Esses fungos são reconhecidos pela sua capacidade de infectar insetos, incluindo diversas variações que atacam os trabalhadores.

A TEIA Bioprodutos, especializada em controle biológico de pragas e doenças, tem a responsabilidade de avaliar e desenvolver formulações inovadoras utilizando essas linhagens de fungos.

Fungos para o controle biológico de pragas foram isolados na UFG

Os fungos Metarhizium anisopliae IP 429, Metarhizium humberi IP 46, Metarhizium robertsii IP 34, Metarhizium blattodeae IP 414 e Metarhizium pemphigi IP 143 fazem parte da coleção de fungos entomopatogênicos do Laboratório de Patologia de Invertebrados (LPI) do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da UFG (IPTSP/UFG). Embora fungos desse gênero possam ser encontrados em vários lugares, foi no estado de Goiás que essas linhagens foram isoladas pela primeira vez, resultado de pesquisas realizadas pelo professor Wolf Christian Luz.

Lucas Ulhoa, sócio da TEIA Bioprodutos e egresso da UFG, destaca a importância da parceria com a Universidade para o desenvolvimento de formulações mais eficazes e com maior tempo de prateleira.  “Formulações mais concentradas podem ser aplicadas em menor quantidade sem perda de eficácia, e a forma sólida do produto facilita o transporte e estocagem”, garante.

Cientistas esperam poder implementar o projeto após um ano de pesquisas

O trabalho de pesquisa e desenvolvimento da formulação deverá levar cerca de um ano e atravessar as etapas de laboratório, estufa e campo. Entretanto, antes que o produto seja comercializado, será necessário obter o registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). 

A agricultura sustentável é uma tendência global, e a utilização de produtos biológicos nas atividades tem crescido nos últimos anos devido ao seu custo acessível e ao seu caráter inofensivo ao meio ambiente e à saúde humana. Além disso, os insights e estratégias tendem a estimular a resistência aos produtos químicos tradicionais, tornando o manejo integrado de estratégias (MIP) uma abordagem mais eficaz. 

O professor Christian Luz, responsável pela pesquisa com os fungos, enfatiza que essa colaboração representa um marco. “É a primeira vez que esses microrganismos são cedidos para o desenvolvimento de um produto comercial, contribuindo para a inovação no setor agrícola”. Afirma.