MOBILIZAÇÃO

Movimentos estudantis realizam manifestação contra ‘racismo institucional’ na UFG

Grupo afirma que, em menos de três meses, tiveram duas situações do tipo

UFG recebe ato contra "racismo institucional"
UFG recebe ato contra "racismo institucional" (Foto: Divulgação)

O Coletivo de Jornalismo Magnífica Mundi, a Associação de Pós-Graduandos e o Coletivo de Cotistas na Pós-Graduação da UFG realizaram, nesta manhã de terça-feira (30), uma mobilização contra “mais um ato de racismo institucional contra pessoas negras em concursos públicos” por parte da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC) da Universidade Federal de Goiás (UFG). Em carta denúncia, os grupos afirmam que, em menos de três meses, tiveram duas situações do tipo.

A primeira ocorreu no fim de 2022, quando um juiz de Goiás determinou que um candidato branco fosse nomeado professor universitário em uma vaga destinada a candidatos negros, em concurso da UFG – neste caso, ele renunciou após movimentações de grupos diversos e a candidata conseguiu tomar posse. Em relação ao segundo caso, as denúncias tiveram início 28 de fevereiro deste ano, após divulgação do resultado do certame.

Conforme a carta, candidato não-cotista, que é professor substituto, moveu ações infundadas contra a aprovada cotista. Ele fez acusações de acúmulo de bolsas, além de recusa de certificados ainda em 2023. Uma aliada, inclusive, teria levantado dúvidas sobre o currículo lattes da candidata, naquele mês, “demonstrando sequentes tentativas de descredibilização da candidata cotista”.

O texto afirma, ainda, que o candidato não-cotista utilizou sistema como login de professor substituto que não é destinado ao acesso à informação do concurso em mais de uma ocasião – ou seja, conseguindo informações privilegiadas reservadas à banca e apoio administrativo. Apesar de comunicação formal à FIC, não houve sequer encaminhamento de denúncia. “Não houve responsabilização pelas interferências no concurso, inclusive aquelas relacionadas ao sistema (…), o que mostra uma tolerância institucional com práticas, no mínimo, antiéticas.”

Além disso, tiveram mais duas denúncias formais contra a concursada cotista na ouvidoria da UFG, sendo uma por suposto plágio. “Conforme exposto, apontamos os danos à imagem da candidata cotista aprovada, além de uma enorme tentativa de impedir a aplicação da Lei de Cotas no magistério superior.”

Ainda conforme o documento, mesmo empossada, ela tem sofrido assédio moral na unidade acadêmica. Alunos relatam que o substituto que usa as aulas para falar sobre supostos casos de plágio e mostras as supostas denúncias. Além disso, insinuou que a FIC iria contratar “professores sem doutorado”. “O que mostra o prosseguimento de sua estratégia de danos à imagem de pessoas negras.”

Compromissos

À frente dos movimentos junto com o coletivo, o presidente da Associação de Pós-Graduandos, Leonardo Alves da Silva, informou que o diretor da FIC, professor Daniel Christino, fez alguns compromissos com os presentes, após o ato. São eles:

  • Que tenha, pelo menos, um professor negro, preferencialmente do movimento negro, em banca do conselho diretor para concursos;
  • Que a FIC dê todo o apoio psicológico à professora vítima de assédio;
  • A instauração de processo administrativo contra o professor substituto citado;
  • Que a FIC, após o processo administrativo, mova um ato civil sobre o caso.

Leonardo afirmou, ainda, que os movimentos presentes farão uma representação contra o diretor Daniel por ter sido conivente com o ocorrido. Cerca de 70 pessoas participaram da mobilização.

UFG

O Mais Goiás procurou a UFG às 14h28 para se manifestar sobre as denúncias e o ato. Até o fechamento não houve retorno.

Carta denúncia contra “racismo institucional”: