Vítima relata abusos cometido por médico em Goiânia

Lúcia Arantes*, uma das vítimas que sofreu abuso sexual nas mãos do médico ginecologista Joaquim Lima de Souza Neto, preso na manhã desta terça-feira (23), revelou parte do drama vivido por ela no Hospital São Lucas ao Mais Goiás. Ela, que teve oportunidade de reconhecer o preso na delegacia, afirmou que lembra de tudo, em detalhes.

“Foi por volta das 12h40, no dia 5 de dezembro. Eu ia fazer uma consulta para a realização de cauterização de colo de útero. Quando cheguei ao consultório, ele me questionou ‘você tem orgasmos?’ Fiquei sem entender e quando ele viu que eu tinha estranhado, completou: pode ser que você tenha algum problema”, sublinha a vítima.

Na sequência, o médico solicitou que Lúcia tirasse a roupa e deitasse na maca, onde o procedimento deveria ser realizado. No entanto, os planos de Joaquim eram outros, de acordo com a vítima. “Sem luvas, ele colocou dois dedos da mão direita dentro da minha vagina e pediu que eu contraísse o canal. Depois ele pediu que eu mantivesse os olhos fechados enquanto repetia os movimentos. Quando me dei conta, ele estava me masturbando. Fiquei muito nervosa, envergonhada, com medo. Não sabia o que fazer, fiquei sem ação”.

O terror expresso no rosto da vítima não foi suficiente para fazer Joaquim parar. “Virei para o lado, fiquei muito nervosa. Mas, com a mão esquerda, ele passou a estimular o meu clitóris enquanto perguntava o que eu estava pensando. Foi horrível”.

Inerte, Lúcia não conseguia ir embora e, após o abuso, acabou permitindo que o médico realizasse o procedimento médico. “Ele acabou fazendo o procedimento, me deixou numa situação em que eu não sabia o que fazer. Depois que acabou, ele ficou falando que conhecia autoridades, numa tentativa de coagir a ficar calada. Nessa hora eu fui para o banheiro e vesti minha roupa, eu estava muito nervosa”.

Quando voltou à mesa de atendimento, Lúcia revela que o médico continuou com suas tentativas de amedronta-la para que não contasse o episódio para familiares, namorado ou à polícia. “Ele disse: tudo o que eu estou fazendo é para te ajudar. Sua vagina não tem problemas. Você e seu namorado fazem certinho. Questões sexuais a gente não conta pra ninguém, nem pra mãe nem pro namorado. Se alguém perguntar como você sabe dessas coisas, fala que você viu no Youtube. Agora eu espero que ele pague pelo o que fez”, conclui Lúcia”.

*Lúcia Arantes é um nome fictício. A vítima pediu que seu nome verdadeiro não fosse revelado.