Opinião

Adeus Paulo Gustavo

É sempre louvável, e digno de respeito, quando um comediante encontra sua voz, e estilo,…

Placa de rua que levará nome de Paulo Gustavo é roubada
Placa de rua que levará nome de Paulo Gustavo é roubada (Foto: Reprodução)

É sempre louvável, e digno de respeito, quando um comediante encontra sua voz, e estilo, e transforma isto em sua marca registrada. No Brasil, nomes como Mazzaropi, Didi, Mussum, Bussunda, Chico Anísio e tantos outros alcançaram tal renome e conseguiram adentrar nas casas e no gosto – ou desgosto – popular de muitos. Independente de qualquer coisa, eles tinham seu estilo. Goste ou não, é inegável a importância de cada um deles para a história da comédia brasileira.

Podemos considerar como efeito recente deste fenômeno o comediante Paulo Gustavo. Não é por causa de sua morte que o ator e humorista automaticamente entra em um patamar memorável pela carreira artística. Paulo Gustavo já era querida. Estava em seu auge e levava milhões de pessoas aos cinemas e alcançava altos níveis de audiência na televisão. Com uma safra saturada de ‘comediantes’ pelo Brasil, o astro tinha estilo singular que lhe trazia personalidade e diferenciação. Seu humor brincava bastante com a sociedade, mas nunca soava apelativo e politizado.

Seu amor pela família era inspirador. Em homenagem à mãe, criou um dos personagens mais amados e queridos da atualidade brasileira. Sua Dona Hermínia é a tipificação de uma mãe brasileira marcada pelas dores, preocupações e ansiedades por causa dos filhos e da família. O nervosismo constante e o stress decorrente das altas responsabilidades, a transformavam em uma pessoa histérica, sim, mas cujo histerismo vinha carregado de amor e cuidado. Mesclado com o humor estridente de Paulo Gustavo, a personagem entrou para o imaginário popular.

Não era todos os personagens do ator que me conquistavam. Alguns se repetiam e não saíam do piloto automático. Mas, sem dúvida, Paulo Gustavo tinha estilo. Tinha voz. Tinha carisma. Tinha características importantes para transformar a carreira de um comediante em algo duradouro.

Sua morte repentina aos 42 anos, decorrida de complicações por COVID-19, é um susto para o Brasil. Como Robin Williams, presenciar o fim de um ator cheio de vida e energia, que sempre estava elétrico, sorrindo e animado, é perder alguém que, para a arte – principalmente -, fará muito falta. Ainda bem que arte não morre e você sempre estará aqui. Adeus Paulo Gustavo.

Morre o ator e comediante Paulo Gustavo, aos 42 anos, vítima da covid-19 | GZH

Dona Hermínia (Foto: Reprodução)