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CCXP 2018 reforça alterações da cultura pop na sociedade

Até domingo (9), a São Paulo Expo reunirá milhares de amantes de cultura pop na…

Até domingo (9), a São Paulo Expo reunirá milhares de amantes de cultura pop na CCXP 2018. O evento terá presença de astros do mundo do entretenimento, painéis, jogos, lojas, criadores de conteúdo e prévias de produtos que ainda serão lançados.

Entretanto, mais do que isso, reforçou mais uma vez que hoje a cultura pop é vista pela sociedade com outros olhos e – talvez – tenha se ressignificado. “Antes, a cultura pop era apenas ‘um mundinho'”, sublinhou Jurandir Filho, criador do podcast Cinema com Rapadura. Hoje, continua ele, as pessoas são muito julgadas e recebem olhares e críticas quando revelam que, por exemplo, nunca assistiram a qualquer filme da franquia Star Wars.

Apesar de obras como esta (e, nesta leva, pode-se incluir também os super-heróis, as séries de TV e – por quê não? – as novelas) sempre estarem no imaginário e no cotidiano das pessoas, não eram tidas como “sérias”. Carregavam o fardo de “ser mainstream”, sublinha Thiago Borbs, editor-chefe do site Judão.

Uma rápida volta pela feira prova o contrário e mostra que o conceito das pessoas do que é “cultura pop” foi ressignificado nos últimos anos. Hoje, esta é uma indústria que movimenta milhões e ganha cada vez mais entusiastas. Vide alguns dos vários momentos em que atores do elenco de Game Of Thrones causaram tumulto nesta quinta-feira e a quantidade de cosplayers – pessoas que se fantasiam de personagens – no evento.

Segundo dados fornecidos pela organização, mais de 640 mil pessoas já passaram pela CCXP no Brasil. De 2014 para cá, o tamanho do evento dobrou, ganhou mais notoriedade, atraiu mais investimento e se consagrou no calendário dos artistas e dos amantes do mundo geek. É ou não é uma indústria em crescimento?

Comportar a quantidade de streaming e conteúdo produzido durante o evento ficou a cargo da Oi, com uma estrutura de 8km de fibra nos pavilhões da CCXP 2018, além de antenas de reforço para auxiliar o tráfego de dados 3G e 4G. Em alguns espaços, há Wi-Fi gratuita com 10GB de banda.

Todo mundo quer uma fatia do streaming

Uma das muitas palavras que se ouviu por lá foi “streaming”, que é a grande geral para o consumo de entretenimento. Se antes a Netflix nadava “de braçadas” no mercado brasileiro, talvez agora tenha que se preocupar mais com a concorrência.

O stand da gigante do streaming é – de longe – um dos mais interativos da feira. Mas ficou cercado por uma enorme estrutura da HBO GO, que trouxe Maisie Williams e John Bradley do elenco de Game of Thrones e uma experiência de imersão em Westworld (próxima grande aposta do canal por assinatura).

Não muito longe dali, a Amazon Prime marcou presença. A novata – pelo menos no Brasil – trouxe Ricky Whittle, de American Gods, para fazer uma propaganda pesada da segunda temporada da série. E – pasmem! – até a Globo quis uma fatia do mercado e está investindo pesado em uma plataforma de streaming própria, a Globoplay.

A emissora brasileira percebeu que poderia ganhar muito com o streaming e trouxe dois grandes chamarizes: comprou os direitos de distribuição de The Handmaid’s Tale, tornando-se a única no Brasil a disponibilizar este sucesso online; e começou a investir em uma produção própria para a plataforma (e não apenas replicar o que é transmitido na tevê).

A produção da vez é Ilha de Ferro, estrelada por Cauã Reymond, Maria Casadevall, Sophie Charlotte e Klebber Toledo. Assim como a “irmã-gringa” Netflix, os poucos episódios da primeira temporada foram lançados de uma só vez na plataforma. Até o final do ano que vem, afirma a empresa, o catálogo da Globoplay deverá disponibilizar mais 100 séries internacionais.

Estopim do Podcast

A quantidade de pessoas interessadas em podcasts aumentou consideravelmente no último ano. O mercado ganhou investimento, expandiu o leque de conteúdo e ficou mais acessível.

Se antes usuários Android precisavam faz o download de um aplicativo de terceiros para ter acesso aos podcasts, “hoje é só abrir o Spotify”, aponta Alexandre Maron, criador da B9, empresa por trás de grandes canais deste tipo de conteúdo, como Mamilos, Braincast e Naruhodo.

A imensidão de pessoas que estavam ali para ver de perto aqueles que ouvem diariamente comprovam o que Maron disse.

Com o Podcast, as pessoas dedicam duas, três, quatro horas do dia para imergir em uma “conversa profunda sobre assuntos aparentemente banais”, explica Maron.Por exemplo, ficar “duas horas falando sobre o cabelo da Ariana Grande”, exemplifica Phelipe Cruz, editor do site Papel Pop e um dos apresentadores do podcast Um Milkshake Chamado Wanda.

“E onde mais a gente teria duas horas para falar sobre o rabo de cavalo da Ariana Grande?”, brinca Bárbara dos Anjos, do podcast Estamos Bem.

Assim como aconteceu com o aumento de conteúdo audiovisual para a web (vide criadores no YouTube e as produções originais da Netflix), o Podcast é visto como uma possível ameaça a uma das mídias mais tradicionais do Brasil, o rádio. Alexandre discorda.

“O Podcast é importante para que as rádios se adaptem e sigam com espaço delas”, explica. “Assim como outras empresas tiveram de se adaptar para o novo mercado”, disse, citando a Globo, que criou uma plataforma própria de streaming.

Inclusive, a emissora também começou a mirar no mercado do Podcast. “Tem um parte no site deles [Globo] que conta detalhes do que vai acontecer na novela”, conta Bárbara.

*Repórter viajou a convite da Oi