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Cineasta goiano exibe documentário experimental em mostra argentina

Da periferia de Anápolis para o o mundo. Na última quinta-feira (3), o documentário Mondo LVXXV, do…

Da periferia de Anápolis para o o mundo. Na última quinta-feira (3), o documentário Mondo LVXXV, do cineasta goiano Rei Souza, foi exibido na mostra de cinema argentino Doc Buenos Aires. Esta é só mais uma conquista do curta-metragem, que também já esteve em outros circuitos internacionais, incluindo o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica.

No Doc Buenos Aires, explica Souza, há uma convergência entre documentário e arte visual, o que se casa muito bem com a proposta do curta. Antes, entretanto, é bom explicar a diferença entre as duas formas de expressão artística.

“Quando se fala em Artes Visuais, fala-se de uma linguagem centrada em museus: você caminha pelas obras e não há início, meio e fim”, explica o cineasta. O Audiovisual, onde inclui-se o documentário, tem hora para começar e terminar”, sublinha Souza.

Um celular. Uma lente. E a nostalgia da infância

Com Mondo, Rei Souza buscou quebrar um pouco a linha que divide estas duas divisões usando a apropriação de imagens para criar uma narrativa feita apenas com fotografias de revistas National Geographic antigas. “Quase quatro mil imagens foram usadas”, conta o artista.

As fotografias foram agrupadas e, com a pitada de um bom trabalho de sonoplastia, transformadas em uma narrativa que conta o processo da modernização da sociedade. Desde uma natureza selvagem à corrida espacial para o descobrimento e colonização de outros planetas.

Todas as imagens foram captadas usando – apenas! – um celular com uma lente macro acoplada. “A ideia partiu de fazer um filme com o que eu tinha à mão”, diz. “Percebi que nas imagens da revista havia algo afetivo, me remetia aos meus tempos de escola. Então, vi que havia a possibilidade de adaptar essas imagens para uma narrativa de ficção científica, usando a imaginação de quando eu era criança”, continua.

Conseguir se expressar com qualquer coisa

Rei Souza conta que já fez outros filmes usando apenas um telefone. “Um celular com 3MP ou uma câmera de 20MP é o mesmo”, disse. O cineasta reforçou ainda que usar o que tem ao seu alcance é parte de sua pesquisa de percepção do espaço onde está, que ele faz desde 2007.

A ideia, para ele, é conseguir se expressar com qualquer coisa. “Como eu sou um autor de periferia, uso os métodos que eu tenho para conseguir realizar os projetos”, sublinha.