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Crítica: Liga da Justiça de Zack Snyder (Snyder Cut) | HBO Max

Agora não tem desculpa! Após quatro anos de muita repercussão na internet com bastante gente…

(Foto: Reprodução/Warner)

Agora não tem desculpa! Após quatro anos de muita repercussão na internet com bastante gente pedindo o Snyder Cut para o filme da “Liga da Justiça” – que foi lançado em 2017 nos cinemas após a saída de Zack Snyder da produção e onde eles chamaram Joss Whedon para finalizar o longa. O filme sofreu inúmeros cortes e refilmagens que mudaram bastante o tom original da narrativa, mas agora, finalmente temos a estreia do “Liga da Justiça de Zack Snyder” sem interferências do estúdio e com total liberdade para o diretor deitar e rolar no seu parquinho.

Por outro lado, é difícil saber como seria a versão para cinema do “Liga da Justiça” de Zack Snyder, já que nas telonas ele teria, possivelmente, no máximo 2h30 ou 2h40 de corte. Diferente daqui onde Snyder ganhou total liberdade para fazer o que bem quiser e criou o seu famigerado Snyder Cut com 4h de duração e em formato de tela 4:3. Impossível um corte de quatro horas ser lançado nas telonas hoje em dia, portanto, o Snyder Cut versão para cinema nunca vamos, de fato, assistir.

Mas, enfim, o importante é que, para o bem ou para o mal, este “Snyder Cut” marca um dos grande eventos midiáticos da atualidade onde um estúdio cedeu à pressão de fãs na internet para liberar um material que, em tempos passados, nunca veria a luz do dia. Isso nos mostra o poder das mídias sociais e como estas são usadas com frequência para medir o parâmetro de gosto dos expectadores e ajudar produtores, e grandes estúdios de cinema, a criar filmes que entregam justamente o que o público popular mais almeja. É uma linha tênue e restritiva, que tolhe a liberdade criativa de surpreender e ousar. Mas isso é tema para outro debate que não vem ao caso no momento.

Vamos falar de “Liga da Justiça de Zack Snyder”, ou como vou chamar: Snyder Cut. Após quatro horas de filme o que posso dizer é o seguinte: comparado com o filme de cinema devemos ser honestos e dizer que a versão de Joss Whedon mantém, de maneira geral, a estrutura dos atos presentes no roteiro original de Snyder. Na versão para cinema temos Batman e Mulher-Maravilha reunindo a Liga, o Lobo da Estepe chegando à Terra para encontrar as Caixas Maternas e ataca o lar das amazonas e Atlântida, depois o vilão cria sua base na área abandonada de Chernobyl, a Liga ressuscita o Superman e depois todos vão ao ataque do vilão em sua fortaleza no final. Tudo isso se mantém aqui também.

Joss Whedon, sim, resumiu bastante e criou muito mais cenas de humor para trazer leveza ao filme. Criou cenas de humor muitas vezes deslocadas e forçadas, e o resumo foi tão resumido que muita coisa ficou sem contexto no longa de 2017. Whedon tirou a história do Ciborgue, do Darkseid e deixou bem mais sucinta, e rápida, as sequências de ação. Tudo na versão para cinema é resolvido com pressa. Já aqui, podemos ver como existia material de sobra para Snyder criar uma narrativa mais consistente com momentos que dão contexto ao material apresentado. As cenas de ação na versão de Snyder são muito melhores. Elas possuem mais urgência e tiram o humor deslocado que Whedon colocou em “Vingadores” mas que não combinava com o material de Snyder. E claro, ele tirou as cenas da versão cinematográfica que faziam o Flash ser um medroso insuportável e oferece mais protagonismo ao Batman durante a ação – principalmente no ato final. Ah, e desta vez não temos bigode tirado digitalmente (amém!).

Obviamente que muitos dos vícios do diretor também continuam presentes em sua versão e isso é inegável. Snyder sabe criar cenas visuais belíssimas, usa com frequência a câmera lenta, e muitas cenas servem apenas para os atores posarem com suas roupas de super-herói e nada mais (não é problema pra mim, faz parte dos filmes go gênero e é bacana). Mas eu continuo sem entender o motivo de lançar o filme com tela 4:3, exceto por… É, não dá pra entender.

Outro vício de Snyder é jogar elementos aleatórios em cenas apenas para fazer uma referência ou pensando no futuro, mas sem ter relevância para aquele momento. Aliás, na realidade, o “Liga da Justiça” originalmente pensado por Zack Snyder termina com 3 horas e meia de duração. Os últimos 30 minutos de filme nitidamente foram filmados durante o ano passado, em plena pandemia, e é Snyder preparando terreno para uma continuação de um universo que talvez nunca vamos ver. Mas se esta versão nos ensinou algo foi: nunca diga nunca.

Em resumo: “Liga da Justiça – Snyder Cut” é muito superior ao corte que vimos nos cinemas em 2017. Particularmente, me senti assistindo novamente a um episódio do desenho da Liga, só que em uma versão bem mais estendida. Mas o clima está ali e isso é importante. Pode não ser uma obra perfeita, mas sem dúvida, possui melhor desenvolvimento de cenas e personagens. Mais ação e aventura. No saldo geral é um filme que me divertiu, me empolgou e me deixou com um sorriso no rosto. Recomendado!

Justice League – Snyder Cut/EUA – 2021

Dirigido por: Zack Snyder

Com: Ben Affleckm Gal Gadot, Ezra Miller, Henry Cavill…

Sinopse: Após a morte de Superman, Batman e Mulher-Maravilha recrutam o Flash, Aquaman e Cyborg para formar a Liga da Justiça e proteger o mundo do Lobo da Estepe e seu exército de parademônios, que estão em busca das três Caixas Maternas.