Seriado

Crítica: A Casa do Dragão (1ª temporada) – HBO Max

Ainda que as duas últimas temporadas, e principalmente, o final de “Game of Thrones” tenha…

(Foto: HBO)

Ainda que as duas últimas temporadas, e principalmente, o final de “Game of Thrones” tenha deixado um gosto amargo na boca de muitos (eu, incluso) por sua pressa em desenvolver a trama, e sem aquele cuidado narrativo com cada personagem como tinha nas temporadas anteriores, ainda assim, somos sempre otimistas e confiantes quando o saldo final é mais positivo do que negativo. Portanto, retornar à Westeros com “A Casa do Dragão” foi uma experiência ao mesmo tempo recompensadora como também surpreendente, já que a nova série se passa duzentos anos antes de “Game of Thrones” e possui uma história muito mais centrada e pouco dividida em núcleos.

O foco aqui é a família Targaryen e a luta de seus integrantes pelo almejado Trono de Ferro. É um novelão de intrigas palacianas com um grupo de personagens interessados no poder. E como toda boa briga de família, aqui temos intrigas, mentiras, traições, acordos, mortes e por aí vai. Tudo mesclado com uma sutil fantasia ao fundo movida em grande parte pela presença dos sensacionais dragões. 

“A Casa do Dragão” também possui uma estrutura ligeiramente distinta de “Game of Thrones”. Por se tratar de uma trama bem mais intimista e fechada em um grupo específico de pessoas, o show não possui aquela tensão sempre presente de “Game of Thrones” com relação a sobrevivência dos personagens. O desenvolvimento torna-se um tanto quanto óbvio, e aquela surpresa com mortes inesperadas de personagens importantes, pelo menos ainda, não temos aqui. Mas isto não tira o mérito da série que segue por uma caminho mais palatável, porém, não menos intrigante. O roteiro sabe criar tensão de seus dramas familiares, e a disputa entre Rhaenyra e Alicent é desenvolvida com sutileza e maestria, e culmina em um desfecho onde ficamos desejando por continuidade. Por favor, apressem esta segunda temporada!

E que elenco! Tanto a primeira parte com Milly Alcock e Emily Carey interpretando Rhaenyra e Alicent, respectivamente, ou da metade para o final com Emma Darcy e Olivia Cooke assumindo as personagens já mais velhas, as quatro atrizes são sublimes ao encarnar não apenas o crescimento dramático de cada um de seus dilemas, como também em ressaltar a maturidade de cada uma delas em suas respectivas idades. Mas não apenas o time feminino é magistral. Matt Smith é um emaranhado de conflitos e emoções efervescentes ao longo de sua trajetória, e seu personagem Daemon já um dos mais intrigantes do seriado. O mesmo vale para Paddy Considine como o Rei Viserys I, em uma performance cheia de nuances e momentos icônicos – e que merece o reconhecimento do Emmy. E não desmerecendo o time coadjuvante formado por atores excelentes que colaboram na composição deste jogo mortal pelo poder. 

“A Casa do Dragão” possui também outros personagens fundamentais e essenciais para nossa imersão neste mundo: a direção de arte, a fotografia, o figurino, a trilha sonora e os efeitos especiais. Cada um destes grupos trabalham em favor da narrativa e não em busca de um espetáculo solo. Cada elemento cênico, cada composição de cor nos ambientes e enquadramentos, cada roupa ou detalhe nas vestimentas, a música como parte integrante do conflito e os efeitos especiais que são utilizados com maestria para contar a história, tudo possui sentido, objetivo e fundamento na trama. E a confirmação de um resultado primoroso é quando estamos completamente compenetrados na série e nenhum deles se sobressai mais do que o outro, mas todos estão em sintonia em busca de um mesmo objetivo.

Com a 2ª temporada prevista apenas para 2024, teremos uma espera sofrida e cheia de ansiedade. Até tive vontade de ler o livro “Fogo & Sangue” para saber logo como a história procede. Mas não vou! Irei ficar só no seriado e deixar o coração ser surpreendido. Ao menos aqui, temos um livro com uma história completa para os criadores adaptarem tudo (diferente de “Game of Thrones” cujo último livro ainda não foi lançado). E o próprio autor, George R. R. Martin, está diretamente envolvido nas escolhas criativas (ele é também produtor e roteirista do show), portanto, não há desculpas. E como todo excelente novelão proporciona, já estou ansioso pelas cenas dos próximos capítulos! Haja coração!

House of the Dragon/EUA – 2022

Criado por: Ryan J. Condal, baseado na obra de George R. R. Martin

Total de episódios: 10

Onde assistir: HBO MAX

Com: Passy Considine, Matt Smith, Milly Alcock e Emily Carey, Emma Darcy, Olivia Cooke, Rhys Ifans, Fabien Frankel…

House of the Dragon (TV Series 2022– ) - IMDb