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Crítica: Invasão Zumbi (2016) – Especial de Férias

Um veado é atropelado no meio da estrada e o responsável vai embora deixando o…

Um veado é atropelado no meio da estrada e o responsável vai embora deixando o animal todo ensanguentado e estirado no asfalto. Instantes depois o mesmo animal se contorce e levanta como se nada tivesse acontecido. A câmera chega perto e os olhos do bicho estão completamente brancos. A tela fica preta e o nome do filme aparece com uma trilha sonora de suspense ao fundo. Este é o começo do estupendo “Invasão Zumbi”, um filme coreano que ensina como trabalhar um gênero trazendo originalidade para os clichês tão datados do estilo.

De um lado temos zumbis correndo famintos atrás de seres humanos em uma desordem desenfreada onde nada mais importa. E do outro os humanos estão lutando pela sobrevivência em uma hostilidade que ninguém sabe como começou. A história de “Invasão Zumbi” acerta ao abraçar um contexto que foge de querer explicar o que aconteceu ao mundo. O filme foca em uma situação, e personagens, e os acompanha ao longo de 120 minutos.

O drama principal é o de Seok-woo e Soon-an. Respectivamente pai e filha, Seok-woo é um homem viciado em trabalho que enfrenta uma crise de paternidade com a jovem Soon-an. Ela quer voltar para a mãe que está em Busan, então ambos compram passagens para o trem da manhã. Durante a entrada dos passageiros, uma adolescente ensanguentada e machucada entra escondida em um dos vagões. Instantes depois a situação piora e a moça ataca uma das funcionárias do trem, que também se transforma na mesma criatura hostil e faminta. A situação se agrava e o número de zumbis começa a crescer freneticamente.

O grupo de sobreviventes precisa chegar até Busan onde se encontra uma força militar poderosa que conseguiu defender a cidade dos ataques. O caminho até lá é longo, e o púbico vai junto nesta missão onde apenas a vida é o bem mais precioso que sobrou. Trabalho, dinheiro, posição, status, nada disso tem mais relevância. Agora é correr e lutar, e mesmo assim, a sobrevivência não é algo absoluto.

O filme se passa, quase todo, dentro do trem e além de criar momentos que valorizam a tensão, seja no suspense mais sutil ou nas sequências de ação regadas a muita correria, “Invasão Zumbi” entende que não basta priorizar isso e deixar os personagens de lado. É necessário trazer profundidade a eles. O roteiro do também diretor Sang-Ho Yeon faz isso com eficiência ao desenvolver, ao longo da destruição iminente do planeta, personalidades e relações de companheirismo importantes para o público se identificar e torcer.

“Invasão Zumbi” é um filme de um sub-gênero frequentemente produzido como este, que começou lá atrás com o mestre George Romero em “A Noite dos Mortos Vivos” e desde então é adaptado aos baldes em Hollywood, games, quadrinhos, séries e por aí vai, requer frescor para conseguir se destacar em meio a tantos projetos. O longa não cria elementos novos, mas utiliza com originalidade os clichês de um jeito que deixa a experiência muito mais instigante, claustrofóbica e desesperadora.

Nos minutos finais temos uma das cenas mais lindas de um filme de zumbi, algo que não me lembro de já ter visto no gênero. Tudo acontece em cima de um trem em movimento e o contexto do momento é tão lírico e sentimental, que é impossível não sentir nada pelo que está acontecendo.

“Invasão Zumbi” prioriza a substância, em ser um filme que além de possuir excelentes sequências de ação, possui dramas que nos aproximam dos personagens e levam em consideração a experiência do público. Filmado!

Busanhaeng (Train to Busan)-COREIA DO SUL

Ano: 2016 – Dirigido por: Sang-Ho Yeon

Elenco: Gong Yoo, Yumi Jung, Dong-seok Ma 

Sinopse: Em um trem de alta velocidade com destino à cidade de Busan, um vírus que transforma as pessoas em zumbis, se espalha. A cidade conseguiu com sucesso se defender da epidemia, mas agora eles devem lutar pelas suas sobrevivências.