COMEÇOU COM UM ACENO...

Em isolamento, idoso faz amizade com jovens pela janela e vira quadrinhos

O jornalista e quadrinista Pablito Aguiar viralizou ao publicar uma reportagem em quadrinhos no Instagram,…

Reportagem em quadrinhos de idoso que faz amizade com jovens pela janela de prédio viraliza
Reportagem em quadrinhos de idoso que faz amizade com jovens pela janela de prédio viraliza

O jornalista e quadrinista Pablito Aguiar viralizou ao publicar uma reportagem em quadrinhos no Instagram, há cerca de uma semana, sobre seis jovens estudantes de Porto Alegre que fizeram amizade com um senhor de aparentemente 60 e poucos anos que vive no prédio da frente. O idoso vez ou outra acenava para os jovens e, um dia, enviou um bolo de aniversário para celebrar a festa dele com os universitários – que retribuíram com um kit café da manhã.

Confira completa a seguir:

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Fala que eu Desenho – Paulo Vasconcelos Quadrinho feito para a Revista Parêntese, do grupo @matinaljornalismo Apoie as entrevistas do Pablito: catarse.me/entrevistasdopablito #quadrinho #amizade #pandemia #desenho

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A história, com mais de 11 mil curtidas – até esta segunda-feira (21) – foi parar até no Fantástico, da Rede Globo, além de outros veículos de comunicação. Apesar do sucesso repentino, a produção de Pablito não é nova.

Ele faz quadrinhos deste tipo desde 2016. Em 2019, durante uma entrevista a este repórter, ele, que tem 32 anos e é natural de Alvorada, Rio Grande do Sul, explicou que conversava moradores de Porto Alegre (RS) com o intuito de lançar um livro chamado “Porto Alegre em Quadrinhos” – ainda inédito.

À época, sobre a escolha de personagens ele disse que estas eram feitas de diversas maneiras. “Pode ser por indicação ou também a partir de uma intuição minha. Por exemplo, o quadrinho que estou fazendo agora é sobre Adriana de Oliveira [isso, em 2019]. Ela é negra, diarista e mãe solteira de cinco filhos. Eu a conheci num ônibus. Puxei assunto e descobri que estava indo com todos os filhos para uma igreja evangélica. Achei aquilo muito potente. Troquei telefone e hoje estou aqui desenhando a sua história. Para não dizer que não tenho nenhum critério para escolher os personagens, o único que sigo é de que os temas não podem se repetir, pois penso que um livro diverso será mais rico ao leitor.”

Já acerca das reportagens em quadrinhos como segmento jornalístico, ele disse ser “uma troca incrível de diversas maneiras”. “É bom para mim como ser humano, porque o aprendizado que tenho ao me deslocar e ouvir o outro é equivalente ao aprendizado que temos quando conhecemos outro País.”

Fantástico

Por suas redes sociais, o ilustrador contou aos seguidores que sua história passaria no programa dominical da Globo. “Gente, eu ainda não tô (sic) acreditando. Domingo vai sair uma matéria no Fantástico sobre a entrevista em quadrinhos que fiz para a Parêntese. O Brasil todo vai conhecer essa história de amizade na pandemia. Muito feliz!”

Para resumir a obra, ele fez… Outra história em quadrinho. “De um lado, seis jovens amigos que dividem apartamento. Do outro, James, um senhor aposentado que vive com dois gatinhos. Você vai ver como um simples aceno entre vizinhos isolados na pandemia se transformou em uma linda amizade”, escreveu e ilustrou.

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Gente, eu ainda não tô acreditando. DOMINGO vai sair uma MATÉRIA NO FANTÁSTICO sobre a entrevista em quadrinhos que fiz para a Parêntese. O Brasil todo vai conhecer essa história de amizade na pandemia. Muito feliz!! 💛☀️

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Repercussão

Parêntese é uma revista na qual o artista publica quinzenalmente suas histórias. A série é conhecida como Fala que eu Desenho. Antes, ele circulava pelas ruas de Porto Alegre em busca de histórias.

Por conta da pandemia, ele mudou a abordagem. Os relatos reais são enviados por mensagem, áudio ou vídeo.

Paulo Vasconcelos, o personagem que dá nome a história – “Paulo” -, falou ao Correio Braziliense que pessoas dos dois prédios procuram eles e o senhor James Russo, que na verdade tem 62 anos. O intuito é organizar um clube do livro para juntar mais pessoas sozinhas na quarentena. “Foi uma semana bem intensa, porque a gente não imaginou que uma história tão simples emocionaria tanta gente. Estamos bem felizes por aquecer os corações das pessoas em um momento tão difícil pra tanta gente.”

Campanha

Pablito utiliza o site de financiamento coletivo Catarse para viabilizar o seu trabalho. Em campanha contínua, o projeto arrecada cerca de R$ 1.900 por mês.

No site, ele explica as dificuldades em manter o projeto, além das recompensas para quem apoia: “Eu amo o que faço. E fico feliz em compartilhar essas experiências com vocês. Uma entrevista em quadrinhos exige minha dedicação integral e é feita através dos seguintes passos: 1º: entrevista; 2º: transcrição; 3º: roteiro; 4º: desenho; 5º nanquim; 6º cores. É algo que leva tempo.”

Detalhe: até a explicação do funcionamento é feita em quadrinhos. “Apoiando a partir de R$ 5 você já me ajuda a continuar produzindo novas entrevistas. E como recompensa irei produzir um diário ilustrado da minha produção.”

Pablito (de barba) com o personagem de uma de suas histórias: o pescador Deraldo (Foto: Divulgação)