Entrevista

“Era para ser”: Karielle Gontijo é a goiana no Iluminados, do Domingão do Faustão

“Cheguei no hotel!”, pisca a mensagem no WhatsApp, seguida dos emojis das mãos unidas em…

“Cheguei no hotel!”, pisca a mensagem no WhatsApp, seguida dos emojis das mãos unidas em oração e a risada com lágrimas. “Pode me ligar!”. As mensagens vêm de Karielle Gontijo, um dia depois que o Mais Goiás entrou em contato com ela. “Desculpa essa correria aqui, tá?” dizia o aplicativo, logo acima. Assim que atendeu a ligação, Karielle se desculpa de novo: “Acabei de chegar no hotel, tomei um banho correndo e já tenho que voltar para o ensaio”. Depois que entrou para o quadro de competição musical Iluminados, do Domingão do Faustão, da Rede Globo, a rotina da cantora de Mineiros (GO) virou de ponta cabeça.

“Você não tem noção”, diz ela, ainda sem fôlego. “A gente tem aula cedo com o vocal coach, ensaia as músicas, e cada um tem direito a duas horas de manhã. Mas como os ensaios são dentro de uma escola de música, tem as pessoas que preferem continuar na escola ensaiando a manhã inteira, e eu sou uma dessas”, explica. “Saio do meu coach e vou para uma sala sozinha, para decorar a letra, que é mais complicado, e fico lá, almoço na própria escola e fico o dia inteiro”.

Os treinos são para a apresentação que acontece todo domingo. Além de Karielle, participam da competição Aline Souza, ganhadora da última semana, Guga Camafeu, João Celles e Junior Karrerah. Letycia e Carine Luup foram as eliminadas no último programa. Por ordem de sorteio, cada um dos participantes tem 30 segundos para cantar, e jurados e o público vão escolher os melhores. Os menos votados vão para a berlinda, e podem ser salvos pelos jurados. O processo se repete até restarem dois cantores no palco, e o vencedor do dia leva para casa R$50 mil e uma vaga na final.

“Todos os dias nós fazemos rodadas, como se fosse no dia da apresentação”, continua ela, explicando a rotina a que se submete todos os dias em que não está na televisão. “Os próprios professores vão eliminando e acendendo a luz vermelha, então temos esse ritual. Vim aqui agora para trocar de roupa, mas ainda preciso voltar para a gente simular a rodada. É muito cansativo. Acho que é o programa mais difícil, porque na maioria, como The Voice, Ídolos, é sempre uma música só por semana, e aqui são seis, e você não sabe que parte vai sair para você”. Karielle foi selecionada em 2010 e 2011 nas primeiras fases do programa Ídolos, mas não chegou às finais.

Hoje com 25 anos, ela começou a cantar em igrejas ainda em Mineiros, passando depois para casamentos e bares. “Foi quando eu entrei para uma banda de rock da cidade, chamada Banda Tribo, só de amigos. A gente começou a fazer showzinhos, e surgiu a oportunidade na cidade de participar do Festival do Cerrado, que tem todo ano e tem prêmio em dinheiro. Coincidentemente, a banda que fazia o festival era uma banda de Foz do Iguaçu, a banda Olho D’Água. Eu ainda era criança, mas quando fiz 18 anos, comecei a namorar com o guitarrista dessa banda, e fui com ele para o Sul”.

“Meu sonho é voltar a morar lá” confessa, enquanto enumera as cidades em que esteve, apaixonada pela Região. Buscando lugares mais promissores para uma carreira musical, morou em diversas cidades do Paraná, como Foz do Iguaçu, Londrina e Siqueira Campos, e até em algumas de Santa Catarina. “Isso foi em 2011. Eu terminei o Ensino Médio e não sabia o que queria fazer, só sabia que queria cantar”, diz ela, rindo.

O encontro com o Luan Santana “foi um processo de muito tempo”, classifica. “Eu conheci o Luan quando ele morava em Campo Grande, e tinha começado a namorar com a Jade, que é de Alto Taquari, uma cidade ao lado da minha, e é muito amiga minha. Espera, como é o seu nome?” Karielle suspende a entrevista de repente, elevando a voz, mas sem desviar do celular. “Tá. Não, fica tranquila, Irene. Beijos, Obrigada. E aí –“ continua, como se não tivesse havido interrupção, “na época que ele estava precisando de backing vocal ele mostrou um vídeo meu para ela, cantando uma música dele no Ídolos, chamada Adrenalina, e ela falou, ‘eu conheço essa menina’”.

“A princípio eu ia entrar só para gravar o DVD, e a produção me ligou, porque ela conseguiu o telefone com a mãe dela, que conseguiu o telefone com não sei quem e ligou para a minha mãe… É uma história meio louca”, ela ri. “Ele pediu para eu ficar, e quando eu vi, já estava trabalhando com ele”.

As viagens, no entanto, estavam se tornando um peso. Karielle voltou para Goiânia para morar com a irmã e prometeu só voltar a cantar se conseguisse trabalho na capital. “E aí o Seu João, pai do Felipe [Araújo], me chamou para entrar na equipe dele, e eu aceitei. Os testes para o Ilimunados surgiram quatro meses depois. Eu já tinha ficado sabendo que eles iam abrir as inscrições, e quando saiu, eles fizeram as audições em Goiânia mesmo, em uma sexta-feira em que a gente teria um show. Eu avisei o Felipe, ‘olha, eu tenho um teste, se der no sábado ou na sexta, eu vou ter que ir’, e ele disse, ‘claro, se tiver que ir, pode ir’. Aí o show foi cancelado, e eu estava em Goiânia. Era para ser”.

“Joguei fora”. A conversa desconexa leva à confusão. “Pode levar, sim. Tem que assinar aqui? Eu autorizo. Essa caneta não ‘tá funcionando… [Risadas] Tchau. O fone que eu ganhei parou de funcionar em um lado e a Dona Irene queria saber se podia ficar com ele”, esclarece ela, com muita naturalidade. “Domingo, né?”

“Eu fui assistir minha apresentação depois, e eu achei que cantei super bem, mas achei que eu estava muito preocupada em cantar, em mostrar que tinha técnica, e acabei ficando meio presa. Não consegui ficar como se estivesse no show, sorrindo, segura, com aquela sensação… Porque as pessoas em casa percebem quem está harmônico e quem não está. Acho que o meu defeito foi estar preocupada com cantar, e tem que sorrir, demonstrar que você está calma. Vou tentar corrigir isso agora”.

Antes de subir ao palco, ela conta que costuma fazer os exercícios comuns para limpar as pregas vocais, tomar muita água e rezar. “Eu ajoelho no chão do banheiro e oro”. Sentir-se segura com a roupa e cabelo também é importante: não dá para se preocupar com isso depois que o show começou.

Apesar de trabalhar principalmente com sertanejo, Karielle conta que o gênero nem faz parte da sua playlist. Suas preferências são axé e MPB. “Eu gosto do que eu faço, mas sou muito fã de Djavan, amo, sou louca de pedra”, brinca. “Nunca fui em um show, mas ele é meu ídolo. Gosto também de Marisa Monte, Nando Reis, Lulu Santos”.

E depois do Iluminados? “Ah, não sei! Me fazem essa pergunta e eu não sei responder. O Felipe sempre fala ‘olha, seu lugar tá aqui’, ou ‘nossa, você faz uma falta’. Eu tenho uma dor no coração porque eu amo trabalhar com o Felipe, não quero sair de lá e nem penso nisso, não sei o que vai acontecer no futuro, se vão aparecer propostas. Mas vamos ver o que acontece”.